O relatório, intitulado "Incursões e desaparecimentos forçados: parte da escalada repressiva do governo contra a imprensa independente na Nicarágua", indica que pelo menos 15 jornalistas foram forçados ao exílio entre Julho e Setembro de 2024.

"Até à data, o número de jornalistas [nicaraguenses] no exílio continua a crescer. Neste trimestre (Julho-Setembro) cerca de 15 profissionais de jornalismo abandonaram a Nicarágua", referiu aquela organização, com sede na Costa Rica.

"No total, segundo a nossa base de dados, entre Abril de 2018 e hoje o número de jornalistas exilados é de aproximadamente 278, entre jornalistas, fotógrafos e outros trabalhadores da comunicação social", acrescentou.

Da mesma forma, a FLED observou que julho "marcou um período particularmente difícil para os jornalistas na Nicarágua, que enfrentaram um aumento alarmante de cercos, ataques e roubos de equipamento tecnológico".

"A intensificação da repressão estatal obrigou vários deles ao exílio e levou outros a retirarem-se da profissão como medida de sobrevivência", alertou.

A FLED denunciou também que o Governo da Nicarágua "continua a obrigar os jornalistas, incluindo os reformados, a irem diariamente apresentar-se a uma delegação policial".

"Esta ação reflete a crueldade e o medo do Governo da Nicarágua para com aqueles cuja vocação é o jornalismo independente, independentemente de serem activos ou não, uma medida que ameaça a saúde e a segurança destas pessoas", indicou.

De acordo com este relatório, durante o trimestre foram documentados na Nicarágua um total de 30 casos de violações da liberdade de imprensa (24 são pessoas singulares e seis são pessoas coletivas).

Alerta ainda que continua a estigmatização e o discurso de ódio contra jornalistas independentes por parte de autoridades ou figuras governamentais.

Além disso, em 9 dos 15 departamentos (províncias) e em duas regiões autónomas da Nicarágua, a prática jornalística independente já não é praticada.

"Estamos extremamente preocupados com estes dados, porque sabemos que, com o passar do tempo, o número irá aumentar e aos poucos a informação independente irá desaparecer a nível nacional e a narrativa oficial irá prevalecer, o que distorce a verdadeira realidade que é. está a ser experimentado no país", alertou a FLED no relatório.

A Nicarágua atravessa uma crise política e social desde abril de 2018 que se agravou após as eleições de Novembro de 2021, nas quais o Presidente Daniel Ortega, no poder desde 2007, foi reeleito para um quinto mandato, o quarto consecutivo e o segundo ao lado da sua mulher, Rosario Murillo, como vice-presidente, com os seus principais candidatos na prisão.