Cidade da Praia, 04 Set (Inforpress) - O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) acusou hoje o Governo de socorrer dos recursos do Millennium Challenge Corporation (MCC) para resolver o problema dos transportes aéreos e marítimos, após “falhanço na política da conectividade”.

A acusação foi feita em conferência de imprensa proferida pelo secretário geral do PAICV, Julião Varela, com o propósito de pronunciar sobre o anúncio do Governo relativamente às áreas propostas para o terceiro compacto MMC.

O PAICV reconheceu que esses sectores são “importantes e fundamentais” para o desenvolvimento do país, lembrando que há muito tempo que vinha reclamando do “desmando da governação” em relação aos mesmos e exigindo medidas adequadas para se evitar danos maiores para a economia.

Segundo Julião Varela, o Governo, ao estabelecer essas áreas como prioridades, reconhece que durante dois mandatos não foi capaz nem de resolver, nem deixar que os privados pudessem resolver este “problema bicudo” do país.

“Se o Governo tivesse ouvido as nossas propostas, esses recursos anunciados poderiam ser direcionados para outros setores, permitindo que Cabo Verde tirasse mais proveito e ir muito mais longe”, frisou.

Disse ainda que com esta nova oportunidade o país deveria estar numa “ampla auscultação” de modo a poder ter propostas que vão ao encontro das expectativas e necessidades dos cabo-verdianos em abrir as fronteiras e fazer do país uma “gate way” para o continente africano.

Mas, em vez disso, acusou, o Governo circunscreve a audição a entidades previamente selecionadas de modo a poder "impor a sua ideia” e “cobrir o seu falhanço”.

“Tudo isso acontece depois de o Governo ter já gasto mais de 4 milhões de contos de 2019 a esta parte, ou seja, mais de 2 mil contos por dia pagos em indemnização compensatória à CV Inter-Ilhas", retorquiu.

Isso, acrescentou a oposição, mesmo perante o incumprimento do contrato de concessão que consistia em entrar com cinco barcos novos, com até 15 anos de idade.

Citando o Tribunal de Contas, Julião Varela sublinhou que no domínio dos transportes aéreos o relatório apresentado ao parlamento aponta que o país pagou 10,9 mil contos por dia, em 2018, e mais de seis mil contos por dia em 2019.

“O país não recebeu um centavo pela venda dos TACV à Icelainder, que na saída levou todos os seus aviões e recebeu do Governo mais um bônus de 100 mil contos”, criticou, para quem o Governo vem concedendo avales e garantias à TACV e à Newco que somados até 2023 ultrapassam os 43 milhões de contos.

Entretanto, face a “gravidade do problema da conectividade interna” o maior partido da oposição disse esperar que o Governo “não se acantone e implemente medidas efectivas” para amenizar os prejuízos enfrentados pelos cabo-verdianos, e que não fique à espera que seja o próximo Governo a resolver este problema.

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