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As comemorações dos 50 anos de libertação dos presos políticos do campo de concentração do Tarrafal, no interior da ilha de Santiago, iniciaram-se às 6h00 da manhã desta quarta-feira, 1 de Maio, com uma alvorada. No fim da manhã teve lugar a sessão Especial de homenagem às mais de 500 pessoas que estiveram presas no, também, conhecido como “campo da morte lenta", símbolo da opressão e violência da ditadura colonial portuguesa.

 O Presidente da República, José Maria Neves disse que 50 anos de libertação dos presos políticos do campo de concentração do Tarrafal é um acto de preservação da memória, um contributo para a educação das gerações mais recentes sobre os horrores do passado colonial, mas também um compromisso com a democracia

O dia 1 de Maio é um dia importante para a história política contemporânea de Cabo Verde. Foi o dia em que os presos políticos no Campo de Concentração do Tarrafal foram libertados, após uma enorme manifestação popular, com grande entusiasmo e grande emoção, os presos saíram nos ombros do povo. E, é para mostrar também o nosso compromisso com a democracia, as liberdades e, sobretudo, a dignidade da pessoa humana” disse em declarações à imprensa, o Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves

O campo de concentração do Tarrafal teve duas fases, a primeira foi de 1936 a 1956 como Colónia Penal de Cabo Verde nesta fase 36 pessoas não sobreviveram, a maioria, 32 mortos, eram portugueses que contestavam o regime fascista. O campo reabriu em 1962 com o nome de Campo de Trabalho de Chão Bom, destinado a encarcerar anticolonialistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde, altura em que morreram dois angolanos e dois guineenses. Por isso, hoje nas comemorações do encerramento do campo de concentração do Tarrafal participam os chefes de Estado de Cabo Verde, Portugal, Guiné-Bissau e uma representação de Angola.

As atividades decorrem ao longo desta tarde com uma Conferência "Campo de Concentração do Tarrafal: Genealogia Histórica, Modelos de Repressão e Memórias Transnacionais de Resistência", e tem como conferencista o historiador Victor Barros.

As comemorações terminam com um concerto com a participação de artistas dos quatro países que tiveram cidadãos presos no Tarrafal: Mário Lúcio (Cabo Verde), Teresa Salgueiro (Portugal), Paulo Flores (Angola) e Karyna Gomes (Guiné-Bissau)

O programa de hoje é a inauguração da exposição "Tarrafal, da repressão à liberdade", com curadoria de Alfredo Caldeira, com materiais audiovisuais e fotográficos e depoimentos sobre diferentes aspectos da vida prisional.

No âmbito desta evocação, será também publicado o livro "Tarrafal-Presos Políticos e Sociais" e criado um Centro de Documentação online sobre o Tarrafal https://www.tarrafal-cdt.org/  aberto à consulta pública a partir de hoje.

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