Neves e Marcelo já iniciaram o Cinquentenário da Libertação dos Presos do Campo de Concentração do Tarrafal
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Cidade da Praia, 30 Abr. (Inforpress) - Os presidentes de Cabo Verde e Portugal iniciaram hoje as comemorações do Cinquentenário da Libertação dos Presos do Campo de Concentração do Tarrafal, com uma visita à feira do livro e à Expo sobre 0 25 de Abril.
À saída da exposição denominada “50 Anos de Abril - Antes e Depois", o chefe de Estado cabo-verdiano, José Maria Neves, manifestou à imprensa o seu orgulho pelo “forte engajamento cívico dos cabo-verdianos” na organização desta mostra para mostrarem como foi o 25 de Abril de 1974, “como ganhamos a liberdade e como conquistamos a bandeira da independência”.
Para Neves, a amostra serve sobretudo para mostrar às gerações futuras a luta que se fez e a necessidade de continuar a construir um Cabo Verde melhor, salientando que a presença do Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, testemunha as “excelentes relações que existem e o percurso que se tem a fazer para que os dois países trabalhem em comum”.
“Mais desenvolvimento, mais liberdade, mais democracia e sempre com os olhos postos na dignidade humana”, foi o apelo vincado pelo mais alto magistrado da Nação, que, por outro lado, disse nunca ter entendido tanta celeuma à volta da declaração do seu homólogo português relativamente ao “reparo sobre as colónias”.
“Em democracia o debate é essencial, não podemos tolher o debate. Abrir a possibilidade do debate, respeitando as opiniões de uns e de outros, com serenidades, nascerão, com certeza novas luzes”, reforçou.
Enquanto isto, Marcelo Rebelo de Sousa considerou de “excepcional” a exposição sobre o 25 de Abril, tendo considerado “uma iniciativa emocionante”.
Marcelo Ribeiro de Sousa afirmou que “50 anos depois” esta exposição torna-se emocionante, face aos testemunhos imensos de cabo-verdianos da sua luta antes da independência, visando pôr de pé um Estado, a formação do primeiro Governo.
“A Democracia é feita da participação de civismo”, explicou o chefe de Estado lusitano, para quem a grande diferença entre a democracia e regimes fechados é que a democracia é aberta, muda-se, melhora-se progride e é diversificada”, referiu, ressalvando que a fraternidade patente nesta exposição é inesperada e emocionante.
Nesta lógica, quando questionado, disse que todas as democracias na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) precisam de ser trabalhadas, com o argumento que “não há democracia perfeita nem acabada”, asseverando que a imperfeição e o inacabamento faz parte da democracia.
Relativamente à feira do Livro, que se realiza no largo do memorial Amílcar Cabral, Rebelo de Sousa comprou dezenas de livros, disse ser “um fanático dos livros, com uma biblioteca pública de 300.000 livros”, afirmando ter ficado surpreendido pelo nível da feira e por ter presenciado um debate entre um escritor (Joaquim Arena) e um outro escritor e antigo Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca numa plateia cheia.
O Campo de Concentração do Tarrafal, em Chão Bom, é esta quarta-feira, 1º do Maio palco central das comemorações do Cinquentenário da Libertação dos Presos do Campo de Concentração do Tarrafal, que incluem a sessão especial, na qual participam os chefes de Estado de Cabo Verde, José Maria Neves, Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e da Guiné-Bissau, Umáro Embalé Sissocko, bem como uma representação do Presidente de Angola.
Durante esta sessão, será realizado o descerramento da Placa comemorativa da efeméride, seguido da conferência "Campo de Concentração do Tarrafal: Genealogia, Histórica, Modelos de Repressão e Memórias Transnacionais de Resistência", que terá como conferencista o professor e historiador Victor Barros.
SR/JMV
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