Cidade da Praia, 01 Mai (Inforpress) – O presidente da Associação dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) manifestou hoje, na Praia, preocupação com o crescente fenómeno de páginas de redes sociais que têm disseminado notícias falsas, afectando a integridade do jornalismo no país.

Geremias Furtado, que falava à Inforpress no âmbito do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que se assinala a 03 de Maio, ressaltou que, embora a Constituição da República garanta as condições para o exercício do jornalismo em Cabo Verde, ainda há desafios que dificultam a prática jornalística na sua totalidade.

"Acreditamos que vamos a caminho de melhorar este cenário. A AJOC está disponível para fazer a sua parte, mas esta é uma luta que não depende apenas da AJOC, mas também do Estado, das entidades públicas, dos órgãos de comunicação social e dos próprios jornalistas", afirmou.

O principal ponto de preocupação da AJOC, conforme apontou aquele líder sindical, são os ataques direccionados a jornalistas nas redes sociais.

Recentemente, ajuntou, tem-se observado a criação de páginas por indivíduos que não são jornalistas, disseminando informações no formato de notícia, porém sem os cuidados necessários na sua elaboração, tais como preservação da identidade, respeito à privacidade das pessoas e garantia do contraditório e da pluralidade de opiniões.

O mais preocupante ainda, assinalou, é que essas páginas e seus administradores frequentemente atacam jornalistas e órgãos de comunicação social, entendendo que estes devem abordar as informações de acordo com seus interesses.

Geremias Furtado precisou ainda que muitas vezes essas pessoas estão presentes onde ocorre a cobertura jornalística, interferindo no trabalho dos jornalistas e provocando situações para gerar reacções que, posteriormente, são utilizadas como base para suas publicações.

“Isso nos preocupa, porque isto está a se tornar numa terra de ninguém, é preciso ver esta situação e é preciso começarmos também a agir contra essas páginas porque há pessoas que não conseguem distinguir se são ou não páginas de notícias e espalham a notícia errada, e já está provada que a primeira notícia errada consegue alcançar melhores proporções do que o seu desmentido”, observou.

Por isso, para Geremias Furtado, há que saber como estancar esta proliferação dessas páginas irresponsáveis que fingem ser jornais, afectando a qualidade da informação que chega às pessoas.

Porque, conforme declarou, quando as pessoas não conseguem fazer esta distinção, isso cria uma noção errada do funcionamento do jornalismo em Cabo Verde, quando na realidade, os verdadeiros jornalistas estão cumprindo com seu trabalho.

O Dia Internacional da Liberdade de Imprensa foi criado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) através da Decisão A/DEC/48/432 de 1993, com o objectivo de alertar sobre crimes cometidos contra jornalistas, que muitas vezes são torturados ou assassinados por causa de seu trabalho.

Este dia celebra o direito de todos os profissionais da mídia actuarem com a investigação e publicação de informações verídicas. A tentativa de controlar essa actividade, bem como os meios de comunicação, se chama censura, que é exactamente o contrário da liberdade de imprensa.

TC/ZS

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