A publicação "20 Anos de Expansão da UE Para Leste: O Caminho Para uma Nova Europa Unida", do Ifo - Instituto Leibniz de Investigação Económica da Universidade de Munique, sublinha que as preocupações iniciais sobre o impacto negativo no mercado de trabalho e nos níveis salariais nos antigos Estados-Membros revelaram-se infundadas.

O alargamento provou ser "um êxito", escrevem os autores Grega Ferenc e Matteo Neufing, avisando que é necessário "ter em conta" as "tensões políticas".

"A UE é vista como um promotor da democracia e como uma restrição à soberania nacional. Esta dualidade contribuiu para o reforço dos partidos nacionalistas e populistas em alguns países", pode ler-se no documento.

Os economistas recordam que este alargamento, oficializado a 01 de Maio de 2004, foi o maior da história da UE, acompanhado de fogos de artifícios e celebrações dos novos Estados-Membros. Geograficamente, a UE supranacional expandiu-se cerca de 23% e ganhou mais 75 milhões de novos cidadãos.

"Do ponto de vista económico, o peso dos novos países era bastante reduzido em comparação com o resto da UE, uma vez que, em conjunto, representavam cerca de 4,6% do produto interno bruto (PIB) da UE à data de adesão. Este valor foi significativamente inferior ao registado quando Espanha e Portugal foram admitidos na UE em 1986", contextualiza o estudo.

Este alargamento foi encarado de forma crítica por alguns Estados-Membros que temiam que a entrada das economias "economicamente mais fracas" conduzisse a uma "diminuição dos níveis salariais nos Estados-membros mais antigos e a um aumento do desemprego".

"Além disso, alguns esperavam uma vaga potencialmente grande de migração para os antigos Estados-membros da UE, o que conduziria a encargos para as antigas regiões fronteiriças", acrescenta.

A publicação do Ifo revela que a adesão dos dez novos Estados-membros à UE conduziu a um "crescimento económico impressionante", especialmente na Polónia, na República Checa e na Eslovénia.

"A Estónia deu o maior salto: de 47,8% do PIB per capita na UE em 2004 para pouco mais de 77% em 20 anos. A República Checa também se aproximou ligeiramente menos de 20 pontos percentuais da UE-15, enquanto a Eslovénia, o país com um dos maiores PIB per capita entre os novos Estados-Membros, passou de 75% para pouco mais de 83%. No entanto, não é inteiramente claro em que medida este processo de recuperação teria ocorrido mesmo sem a adesão à UE", pode ler-se.

Registaram-se também alterações significativas no mercado de trabalho. Após o alargamento da UE em 2004, os salários brutos anuais nos novos Estados-membros "explodiram", revela a publicação.

"Os salários aumentaram cerca de 33% na República Checa e quase 50% na Polónia. Em comparação, os salários na Alemanha aumentaram 13% durante o mesmo período", continua.

As preocupações com o aumento do desemprego também não parecem ter-se concretizado.

"A Polónia conseguiu, de longe, a maior redução do desemprego. Embora ainda se situasse na ordem dos dois dígitos aquando da adesão à UE, já se encontrava abaixo dos 10% em 2007. Quase 20 anos depois, a taxa era de pouco menos de 3%. Uma evolução semelhante também pode ser observada em outros países, embora seja um pouco menos pronunciada", apontam.

"De um modo geral, pode concluir-se que o alargamento da UE a Leste constituiu uma evolução positiva para os países envolvidos, conduzindo à recuperação económica, à estabilidade do mercado de trabalho e à integração política. No entanto, os desafios e as tensões políticas em alguns Estados-Membros são um aspecto que deve continuar a ser acompanhado de perto", remata a publicação.