São Filipe, 30 Abr (Inforpress) – As imediações da agência de Atlântico Shipping em São Filipe estão desde segunda-feira apinhadas de pessoas na tentativa de fazer a chamada “troca de papéis” para marcação de datas para o levantamento das encomendas que chegaram da América.

Trata-se de um procedimento junto às agencias em que a pessoa que vai efectuar o levantamento da encomenda entrega um documento que recebeu do familiar nos Estados Unidos e recebe um outro, nos mesmos moldes, na agência local.

De entre as pessoas estão muitos emigrantes nos Estados Unidos da América e que preparam o envio com antecedência de alguns produtos para serem utilizados durante o período das festas e temem que vão regressar sem poder despachar as suas cargas.

Na segunda-feira, na tentativa de organizar o processo, a agência de São Filipe atribui números às pessoas, mas para algumas de nada serviu.

Uma residente na localidade de Patim, zona sul do município de São Filipe, disse à Inforpress que chegou cedo à agência e que encontro duas dezenas e meia de pessoas na fila e que foi atribuída o número 26, mas que regressou por volta das 17:00 e sem poder fazer a “troca do papel”.

A mesma disse que regressou hoje outra vez, mas foi informada de que o número do dia anterior não tinha validade e que era necessário novo número, mediante a ordem de chegada, e por isso não acredita que hoje vai conseguir.

Duas emigrantes nos Estados Unidos da América e que devem deixar a ilha do Fogo no próximo domingo, 05 de Maio, manifestaram o seu descontentamento com a situação na troca de papéis e defendem que a agência devia dar prioridade aos emigrantes que vão regressar nos próximos dias para o país de acolhimento.

“Depois de atraso na vinda de barco dos Estados Unidos da América para Cabo Verde agora deparamos com esta situação e não sabemos se os produtos que enviamos estão ou não em condições” desabafou uma emigrante que não quer ser identificada.

Várias pessoas que aguardavam para serem atendidas disseram que a atribuição de número não resolve o problema, porque quando uma pessoa entra com 80 papéis por exemplo leva demasiado tempo, como aconteceu na segunda.

Algumas pessoas aproveitam para fazer negócios e tomam papéis de várias pessoas, cobrando um valor, para proceder a troca e por isso as pessoas sugerem que a agência devia limitar o número de papel a ser trocado por cada pessoa.

Uma moradora do bairro de Beltches, São Filipe, que madrugou junto da agência (chegou às 04:00 da madrugada) conseguiu o número quatro e por volta das 10:00 ainda não tinha entrado no espaço para a troca do seu papel.

Outro aspecto que questionam é o pagamento de valor para a chamado “troca de papel” e lembram que o ministro das Comunidades tinha anunciado o fim deste procedimento, mas que tal não acontece na ilha do Fogo.

O barco devia sair dos Estados Unidos da América no passado mês de Janeiro, mas o facto de ter passado pela reparação acabou por adiar a viagem e só chegou ao porto de Vale dos Cavaleiros no passado dia 28 de Abril.

Uma fonte da agência de Atlântico Shipping disse que o barco trouxe “mais de dois mil volumes” para a ilha do Fogo e que todos têm de passar por este processo de “troca de papel”.

Depois da troca as pessoas terão de se deslocar ao porto de Vale dos Cavaleiros onde funciona a delegação aduaneira para a marcação da data para o despacho das encomendas que agora está mais fácil com o funcionamento de scanner no novo armazém.

JR/AA

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