Posições expressas na noite de segunda-feira, durante o programa “Plenário” da Rádio Morabeza.

No debate, que aconteceu uma semana depois da Bestfly ter anunciado a sua retirada do mercado aéreo doméstico, o parlamentar da maioria refuta qualquer falha do executivo.

“O Governo não falhou a nível das medidas de política nos transportes o que tem havido são solavancos impostos, sobretudo pela COVID-19. O maior problema de Cabo Verde, quer a nível dos transportes aéreos quer marítimos, é a sustentabilidade. Não há passageiros suficientes para transportar num mercado de meio milhão de pessoas. As pessoas praticamente vivem confinadas nas ilhas por causa de questões profissionais e familiares. De certa forma, uma pessoa só viaja quando está de férias ou se tiver alguma missão, etc”, entende.

Damião Medina refere que a ideia é ter aviões com menos capacidade, principalmente para as linhas deficitárias.

Do lado do PAICV, o deputado João do Carmo entende que há apenas um problema nos transportes aéreos interilhas: “a incompetência do Governo”.

“Há um problema de incompetência do Governo. É simples. Para piorar toda a situação, em 2016, quando o MPD ganhou, quais foram as principais medidas neste sector que tomou? Enfraqueceu a regulação técnico-operacional independente do sector aéreo nacional, desmantelou a regulação económica independente, não conseguiu negociar e celebrar com o monopolista nenhum caderno de encargos em matéria de características técnicas e operacionais da frota de aeronaves, rotas aéreas, frequência dos voos inter-ilhas, obrigatoriedade de realização de voos adicionais e em que circunstâncias, etc. Cabo Verde vive, neste momento, o seu pior momento a nível dos transportes aéreos”, avalia.

A UCID entende que há um retrocesso nos transportes aéreos internos e que a culpa é da actual governação. António Monteiro, considera que existe um problema de fundo que se prende com a adequação e adaptação das aeronaves à realidade cabo-verdiana.

“O problema de fundo é a adaptação das aeronaves à realidade cabo-verdiana. Nós não podemos ter sempre o ATR 72600, que leva 72 passageiros, de forma sistemática a voar para todos os aeroportos e aeródromos de Cabo Verde. Mas se nós tivéssemos um Bombardier, por exemplo, de 40 lugares, ou um outro tipo de avião, um Cessna, de 25 lugares ou 20, provavelmente teríamos voos directos São Vicente/ San Nicolau, como nós tínhamos antigamente. Teríamos voos todos os dias para a ilha do Maio. Teríamos voos permanentemente entre Sal e Boa Vista, talvez uma ou duas vezes por dia”, considera.

A companhia aérea BestFly deixou Cabo Verde, três anos depois de ter assumido a concessão e exploração do serviço público de transporte regular aéreo interilhas. O serviço deteriorou-se por falta de aviões, ao ponto de os voos terem sido suspensos no início do mês.

Neste momento as ligações interilhas estão a ser asseguradas pela TACV, através de contratos de ‘leasing’ com a Air Senegal e a Global Aviation. O Governo reitera a aposta na criação de uma nova empresa de transportes aéreos interilhas.