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Viriato Cassamá, ministro guineense do ambiente, biodiversidade e acção climática  conta-nos quais as dinâmicas em curso em prol da protecção dos mares.

"É uma iniciativa global que visa preservar os oceanos. Porque os oceanos constituem um recurso inestimável para todo o mundo e a forma como os recursos naturais têm estado a ser explorados e a forma como os oceanos têm estado a ser utilizados preocupa o mundo.

Nesse sentido, houve várias conferências internacionais sobre os oceanos e este anos estamos a realizar a 9a Conferência Internacional sobre os Oceanos.

Acho que é muito importante para todos os países costeiros e países insulares que se envolvam com muita força nesta iniciativa global, porque os nossos recursos marinhos devem ser protegidos, devem ser conservados e devem ser geridos de forma a poder servir não só a nossa geração como também a geração futura."

Precisamente em Atenas marcaram presença uma série de personalidades de primeiro plano também da lusofonia.

Ulisses Correia e Silva, enfatizou o facto de mais de 99% do território de Cabo Verde ser composto por mar.

O primeiro-ministro cabo-verdiano afirmou aí estar empenhado em que o país se posicione como um líder na economia azul, estabelecendo metas ambiciosas para a transição energética, gestão da água e desenvolvimento sustentável, envolvendo activamente o sector privado.

Por seu lado o seu homólogo são-tomense Patrice Trovoada enfatizava o facto de a sobrepesca, a poluição transoceânica e o impacto ambiental das actividades da marinha mercantil serem alguns dos desafios significativos que o arquipélago equatorial enfrenta.

Timor Leste, através do seu chefe do executivo, Xanana Gusmão, salientou, por seu lado, que o país asiático tem uma biodiversidade marinha rica com “75% das espécies de corais existentes no mundo".

Vamos ver, então, como é que a Guiné-Bissau se posiciona quanto a estas questões. De novo com Viriato Cassamá, ministro guineense do ambiente que interveio em dois debates em Atenas, um deles do PRCM, o Programa Regional Costeiro Marinho, que engloba desde a Mauritânia até à Serra Leoa.

"A minha intervenção vai no sentido de mostrar o que é que a Guiné-Bissau tem na manga para cumprir o objectivo 30 30 do Quadro Global da Biodiversidade. Neste momento temos 26,3% do nosso território nacional, como as áreas protegidas, e é a meta 30 30 diz que até 2030, todos os países partes da convenção devem ter pelo menos 30% do seu território nacional como áreas protegidas.

E nós neste momento já contamos com 26,3% e dentre esses 26,3%, 12,6 são áreas marinhas protegidas e 13,7 são áreas protegidas terrestres. E dentro dessas áreas protegidas terrestres, a Guiné-Bissau conta com uma cobertura florestal de 10% do Mangal e entre esses 10%, 29% da floresta do Mangal encontra-se dentro dessas áreas protegidas.

E nós sabemos que temos os desafios a enfrentar relativamente ao atingimento desta meta 30 30 Mas o país tem implementado diversas iniciativas, que posso citar.E no mês de fevereiro último nós entregámos a nossa candidatura ou então a candidatura do arquipélago dos Bijagós como Património Natural Mundial da UNESCO."

Tinha vindo aqui a Paris para o efeito. 

"Exacto. E esta acção visa proteger e preservar um dos ecossistemas mais ricos e diversos do país. Uma outra acção que temos estado a empreender é a criação de um santuário ecológico ao redor de algumas ilhas do arquipélago dos Bijagós, cobrindo 0,26% do território nacional. E esta acção também visa proteger as espécies vulneráveis e seus habitats. Por exemplo, as tartarugas marinhas.

Uma terceira acção que a Guiné-Bissau tem estado a empreender é a criação da Segunda Reserva da Biosfera no Complexo do Cacheu e nas ilhas costeiras do Geta-Pixice, abrangendo 11,7% do território nacional. Esta iniciativa visa promover, de um lado, o desenvolvimento sustentável e, por outro lado, a conservação da biodiversidade."

Será realista manter as metas definidas em prol da biodiversidade e poderão elas ser alcançadas ? 

As respostas de Viriato Cassamá, ministro guineense do sector.

"Nós implementamos políticas e regulamentos para proteger os nossos ecossistemas marinhos, combatendo assim a pesca ilegal e promovendo práticas sustentáveis.

E, além disso, o que acabei de frisar, temos estado a fortalecer as nossas parcerias, tanto a nível regional como a nível internacional, para podermos partilhar informações e recursos na luta contra as ameaças transnacionais, como por exemplo, tráfico de droga e tráfico das pessoas humanas."

Que preconiza, então, para o futuro o Estado guineense, país com uma larga costa e um vasto arquipélago, os Bijgagós ? Viriato Cassamá admite que o recurso às novas tecnologias seriam determinantes.

"Nós estamos comprometidos, como eu disse, em abraçar as tecnologias inovadoras para impulsionar a nossa segurança marítima. Para tal, nós temos que adoptar sistemas de monitoramento remoto através de satélites e drones, para podermos aumentar a nossa capacidade de vigilância e resposta a incidentes a nível marítimo.

E, além disso, estamos investindo também em tecnologias de sensoriamento remoto e análise de dados para podermos melhor entender e proteger os nossos ecossistemas: os nossos ecossistemas marinhos, incluindo a detecção precoce da poluição e avaliação do impacto das mudanças climáticas que têm estado a assolar grandemente os oceanos a nível mundial."

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