A greve dos profissionais de saúde, envolvendo enfermeiros, médicos, técnicos e pessoal dos serviços gerais, arrancou hoje, 31 de julho até ao dia 03 de agosto com os sindicatos a garantirem que mesmo com a requisição civil de mais de 300 profissionais, o governo não vai conseguir demovê-los.A luta é nacional e em quase todo o país, chegam relatos de profissionais de saúde a denunciarem tentativas de intimidações, principalmente os profissionais com contratos a termo, que dizem serem os mais vulneráveis nesta equação. “Esta é uma situação que nos deixa limitados. Estiveram a fazer de tudo para limitarem a nossa participação, com ameaças de despedimento caso aderimos a esta luta”, denunciou uma profissional de saúde da área.Alegam que sofreram ameaças, que visava desestabilizá-los e fazer com que os funcionários não pudessem aderir às reivindicações. “Ainda por cima os contratos são precários e ninguém pode fazer nada se nos mandarem para casa devido, se juntarmos aos restantes profissionais”, asseguram.Ao tomar conhecimento desta situação, o NN contactou alguns profissionais de saúde em São Vicente e noutras ilhas, que confirmaram as denúncias e asseguram que se sentem perseguidos. “Sentimos oprimidos com esta situação, porque não podemos reivindicar os nossos direitos, senão somos despedidos”, lamentou uma jovem com contrato a termo.Com medo de represálias, vários optaram por ficar de fora da greve, “porque dependemos do salário para viver”, mesmo que acreditando que a situação do sistema nacional de saúde esteja um “caos” e fez saber que alguns profissionais de saúde que aderiram as reivindicações em diversas partes do país, estão, alegadamente a serem chantageados pelos seus chefes e directores, alegando que o governo pretende demiti-los caso não abandonarem a greve.As intimidações foram confirmadas por alguns profissionais interpelados pelo Notícias do Norte, no terreno para ver in loco como está a decorrer a greve, e preferiram falar no anonimato por temer represálias.O NN notou ainda, que em alguns estabelecimentos de saúde, os serviços funcionam mais demorados pela falta de pessoal, com algumas consultas a serem re-agendadas, análises e exames também.Alguns utentes que buscavam os serviços de saúde murmuravam que os profissionais não estavam a atender, pois levavam mais que o normal, para atender um único doente.Uma das formas de intimidação aos grevistas, conforme disse uma fonte deste online, é a forma como o governo tem desvalorizado os pontos do caderno reivindicativo, e deixando claro que não se preocupa com esta luta, ao contratar mais de 300 profissionais de saúde para colmatar o impacto da greve.De salientar que o Governo recorreu à lei e requisitou mais de 300 médicos, enfermeiros e técnicos para garantirem os serviços mínimos durante a paralisação que arrancou nesta quarta-feira, 31.O Governo justificou a decisão com o facto de as partes, com a mediação da Direção Geral de Trabalho, não terem chegado a acordo sobre os serviços mínimos.Em comunicado, o Executivo acrescentou que o decreto visa “a fixação dos serviços mínimos indispensáveis para acorrer à satisfação das necessidades sociais impreteríveis, no caso, a salvaguarda da vida humana, designadamente, a universalidade de acesso aos cuidados de saúde em todos os serviços e em todos os níveis de assistência sanitária”.O delegado sindical e médico Tito Rodrigues afirmou que a requisição civil acabou por obrigar mais profissionais a permanecerem nos postos de trabalho. “Mesmo assim, acho que o momento é histórico pelo que agradeço a presença de todos. Estamos junto da população e garantimos que tudo o que é inadiável vai ser realizado”, sublinhou Rodrigues quem garantiu que os sindicatos respeitarão a lei.Na ilha de Santiago, a presidente do Sindicato Nacional dos Médicos apontou uma adesão de 95 por cento e que a greve não tem outros motivos, que não seja a luta pelos direitos da classe, bem como a desmotivação e a frustração que nos trouxeram aqui”, afirmou Eunice Almeida.O salário não é a única reivindicação. A diminuição das horas e o enquadramento do pessoal, é outra parte da luta desta classe.Na lista das reivindicações, estão a aprovação e implementação dos respetivos Plano de Carreiras, Funções e Remunerações, das carreiras médicas, de enfermagem e do Instituto Nacional de Saúde Pública com efeito retroativo a janeiro de 2024, negociações sobre o nível de enquadramento das carreiras nos grupos de enquadramento funcional e o recrutamento de médicos recém-formados em regime de continuidade de formação para serviços específicos.O Governo tem dito que continua a implementar o acordo com a classe, dentro das suas possibilidades, mas ainda não se pronunciou depois do início da greve.EC