Tito Rodrigues, delegado sindical do SINTAP, aponta o dedo ao governo.

“É algo que os sete sindicatos unidos nesta causa tentaram evitar ao máximo. Mas fomos forçados pelo governo a fazer esta greve, por vários motivos, nomeadamente o atraso na resposta às nossas reivindicações e por aquilo que consideramos ser uma postura incorrecta do governo. Os sindicatos estão em negociações com o governo desde Novembro de 2023. Penso que hoje demos uma resposta clara da determinação dos profissionais, na defesa dos seus direitos”, afirma

A aprovação do Plano de Carreiras, Funções e Remunerações (PCFR) de médicos, enfermeiros e pessoal do Instituto Nacional de Saúde Pública e respectiva regulamentação também constam do caderno de encargos entregue ao governo.

Tito Rodrigues afirma que o actual cenário coloca em causa a qualidade do sistema de saúde.

“Já manifestámos a nossa disponibilidade em continuar o diálogo , nunca recusámos o diálogo. Estamos dispostos a sentar à mesa hoje, amanhã, qualquer dia, para discutir com o governo. Vamos calendarizar todas as reivindicações para serem cumpridas, de forma a satisfazer não só direitos profissionais de saúde, mas também estamos preocupados com o Sistema Nacional de Saúde. Temos neste momento a fazer funcionar o HBS pessoas que têm um contrato verbal, em condições de precariedade e remuneração vergonhosa”, refere.

A paralisação afecta todos os departamentos e serviços de saúde a nível nacional. Em resposta, o governo decretou uma requisição civil, convocando 263 trabalhadores, para cumprimento de serviços mínimos.

Tito Rodrigues considera tratar-se de uma decisão exagerada e uma forma de condicionar a greve.

“Foi feita de forma exagerada, para poder forçar as pessoas. Sabemos que poderíamos ter mais pessoas [no protesto] se não tivesse sido determinada a requisição civil nos moldes em que foi feita. Estamos a garantir que tudo o que é inadiável [no atendimento hospitalar] vai ser realizado. Em termos de número, poderíamos ter mais gente, mas em termos de impacto não vai afectar”, assegura.

Em São Vicente, o início da greve foi marcado por uma concentração na Delegacia de Saúde, seguida de uma manifestação pelas ruas da cidade.