Fogo: Primeiro dia da greve de profissionais de saúde com “boa adesão” dos profissionais – porta-voz
SOURCE: [A Semana]
O porta-voz dos profissionais de Saúde em São Filipe, Luís Sanches, disse hoje que o primeiro dos três dias da greve nacional dos profissionais de saúde contou com uma “boa” adesão.
Por volta das 09:00 um grupo significativo de profissionais de saúde do Hospital Regional São Francisco de Assis (HRSFA) e da delegacia de Saúde de São Filipe, trajados de t-shirts pretos e munidos de cartazes com vários slogans concentrou-se nas proximidades do HRSFA na presença de alguns elementos da Polícia Nacional.
O porta-voz dos profissionais de saúde Luís Sanches disse que para a ilha do Fogo e por ser a primeira vez que se faz a greve o nível de participação é elevado, apesar de todo o contratempo, problemas e desinformação, mas também devido ao medo, às vezes, e a falta de conhecimento dos direitos e deveres levou muitos profissionais a fazerem outras actividades e a não participarem da greve.
“Os profissionais de saúde levam muito a sério os aspectos da bioética e do código deontológico e muitas pessoas vão fazer as suas actividades pensando primeiro nos doentes e muitos não participam na greve”, disse o porta-voz que lembrou que trata-se de uma greve de profissionais de Saúde.
Segundo o mesmo, muitas pessoas distorceram as informações e criaram muitos ruídos para dividir o grupo de profissionais de Saúde, referiu Luís Sanches, que acrescentou que a greve é de todos os profissionais, desde serventes, pessoal da cozinha, técnicos de analises clinicas, condutores, médicos, enfermeiros e outros que trabalham na saúde e estão unidos para reivindicarem mais respeito e dignidade.
Os profissionais reivindicam ainda melhor plano de carreira, melhor contratação de pessoal para que não sejam recusadas férias por falta de pessoal para substituição, não ter de trabalhar 24 horas sem descanso semanal e com risco de errar e cometer maior dano para pessoas e para que cheguem à reforma com o mesmo salário de entrada como acontece com o pessoal de cozinha e de apoio operacional.
Igualmente, disse que os profissionais reivindicam a melhoria do salário, dignificação do quadro, diálogo continuo com os profissionais para que possam sentir mais dignificados no trabalho, mas também que as “velas” (turnos da noite), subsídios e horas extras sejam pagos independente do salário porque juntando tudo isso com salário fazem descontos que não contam para a reforma dos profissionais.
Com relação à requisição civil decretada pelo Governo, o porta-voz disse que não vai esmorecer a greve porque muitas pessoas têm conhecimento dos seus direitos e classificou a requisição civil como uma estratégia do Governo para tentar frustrar a greve, mas salientou que como se trata da primeira vez a participação de muitas pessoas é elevada.
“Se não forem resolvidos os nossos problemas podemos aumentar a greve para uma semana, quinze dias ou mesmo um mês” disse Luís Sanches que sublinhou que, além de São Filipe, os profissionais dos Mosteiros também participam da greve e estão concentrados junto à delegacia de Saúde dos Mosteiros.
Para Luís Sanches, esta manifestação dos profissionais de Saúde é para o bem das pessoas e do próprio Sistema Nacional de Saúde que poderá estar em perigo se não houver a luta e deixar que as coisas continuem assim como estão.
“Os profissionais de Saúde sempre pensam na vida das pessoas e se tem classe que o Ministério da Saúde e o Governo estão em dívida para com ela, porque pensam em demasia na vida das pessoas, é a classe dos profissionais de Saúde”, disse.
Como exemplo apontou que durante a covid-19, quando não se sabia qual o impacto na vida das pessoas, foram os profissionais de Saúde que deram a cara, desde os médicos, enfermeiros e serventes que estiveram na linha da frente com risco de expor e contaminar a sua pessoa, a sua família e os seus amigos para o bem de todos os cabo-verdianos.
Este é um exemplo e sinal de que a classe dos profissionais da Saúde dá a sua vida para os outros, mas tem também o direito de reivindicar aquilo que não está correcto.
Hoje, no serviço de urgência do HRSFA, as pessoas que chegaram por volta das 06:00 não tinham sido atendidas, quando eram 09:00 pelo médico e segundo uma fonte hospitalar o serviço de urgência está a funcionar apenas com um médico.
Muitas pessoas com consultas, exames laboratoriais de análises clínicas marcadas para hoje estavam concentradas junto da secretaria com pagamento das respectivas fichas mas sem poderem realizar as suas consultas ou os exames marcados.
A Semana com Inforpress