Tesouros Perdidos de Cabo Verde- Parte IIComentarComentários
SOURCE: [Santiago Magazine]
https://santiagomagazine.cv/colunista/tesouros-perdidos-de-cabo-verde-parte-ii
Tesouros Perdidos de Cabo Verde- Parte II
Talvez o Ministro da Cultura e do Mar possa esclarecer se há objectivos de devolver este tesouro à ilha do Maio?- Quanto rendeu o leilão das peças do "Princess Louisa", sendo que continuam a serem vendidas online, cada moeda de prata de 1 Real, a $395; as de 4 Real- $445 e as de 8 Real- $795.- Que peças foram roubadas do Museu de Arqueologia da Praia em 2017, guardadas sem qualquer vigilância ou segurança reforçada?
O Mar do Maio
Naufragou a 18 de abril de 1743, o navio "Princess Louisa", perto dos recifes de Ilha do Maio.
O "Princess Louisa" foi construído em 1733, em Deptford, no sudeste de Londres, pela Bronsdon & Wells, uma famosa empresa de construção naval cujos clientes famosos incluíam a Marinha Real.
O navio foi projetado para servir a “Companhia das Índias Orientais”, uma empresa comercial britânica, que detinha o monopólio do comércio entre Inglaterra, Ásia, as Américas e África Ocidental.
Era um navio de três mastros e dois andares, com aproximadamente 104 pés de comprimento e mais de 33 pés de largura.
Muitos dos navios construídos para a “Companhia das Índias Orientais”, foram batizados em homenagem à realeza; o nome do navio foi atribuído em homenagem à filha mais nova do Rei George II (que mais tarde viria a ser coroada Rainha da Dinamarca), no mesmo ano em que o navio naufragou, vítima das correntes surpresa do mar de Cabo Verde e da leitura imprecisa das cartas de navegação da época.
A bordo estavam 116 pessoas, incluindo o capitão e a maioria dos oficiais; 42 tripulantes salvaram-se, conseguindo nadar até à costa da ilha do Maio. Os restantes 74 morreram segundo o cirurgião a bordo, Dr. Stephen Lightfoot, durante o percurso a nado até a praia, e alguns permaneceram no barco enquanto este se afundava, bebendo garrafas de Brandy.
Os Maienses despojaram os sobreviventes e cadáveres, dos seus objetos de valor. Até o Dr. Lightfoot, que veio para a costa nu, tirou seu anel de diamantes e alguns botões de ouro e guardou-os dentro da boca, para que não fossem roubados.
Tempos depois, oficiais portugueses chegaram à ilha, evitando saques ao navio naufragado e permitindo que os sobreviventes retornassem à Inglaterra.
Os proprietários do galeão empreenderam uma nova expedição para recuperar os tesouros, mas sem sucesso.
O navio transportava um enorme tesouro: 20 baús (69.760 onças) de moedas de prata espanhola, as muito famosas "Pieces of Eight" (a moeda usada nesta época e que antecedeu ao “Dólar”.
Devido ao seu cunho, são das moedas de prata espanholas mais valiosas de sempre.
O tesouro do “Princess Louisa” esteve submerso no fundo do mar da ilha do Maio, mais de dois séculos até ter sido recuperado pela empresa Arqueonautas.
Depois de identificado e mapeado, o tesouro do navio “Princess Louisa”, tinha um valor estimado entre 9.750.000 e 16.000.000 USD.
Para além das moedas de prata, foram recuperados do "Princess Louisa", moedas de ouro e dezenas de Marfim; alguns destes marfins estavam intactos ou em perfeito estado de conservação.
Outra embarcação encontrada no fundo do mar da ilha do Maio, pertencia a Ernst Von Schimmelmann, um dos mercadores mais ricos da Dinamarca no século XVIII. A sua riqueza vinha do comércio de açúcar com as Índias Ocidentais. Tornou-se uma figura chave na administração financeira da Dinamarca da altura.
Era dono de um dos maiores navios mercantis do seu tempo, batizado com o seu nome: “Schimmelmann”.
Numa das viagens entre Copenhaga e China, o navio transportava uma carga de canhões e Placas/moeda sueca, bateu num recife ao norte da ilha do Maio e afundou sem fazer vítimas.
As Placas/moedas de cobre, encontradas no mar de Cabo Verde, são A MAIOR COLECÇÃO de dinheiro em placa DO MUNDO, e foram encontradas em perfeito estado de conservação numismático.
Uma curiosidade sobre este naufrágio, é que parte da madeira do navio foi utilizada na construção da igreja do Porto Inglês, cidade capital da Ilha do Maio.
Este Tesouro foi encontrado pela empresa Arqueonautas no final dos anos 90 e vendido em leilão.
As placas são consideradas raras. Estão dispersas entre vários museus e coleções particulares. Tive a oportunidade de ver uma das placas no Museu da baleia de New Bedford. (Ver fotos em anexo)
Talvez o Ministro da Cultura e Ministro do Mar, que não está nada interessado no curso das investigações na sequência do assalto deste património, possa responder:
-Porquê que o património não foi noticiado e foi mantido em segredo para o povo caboverdiano?
- Como pretende recuperar estas peças e devolvê-las ao Povo Caboverdiano?
-Quantos renderam os leilões do Património Arqueológico Subaquático de Cabo Verde?
-Quem autorizou o contracto com a Arqueonautas e consequentemente, a cedência do Mar de Cabo Verde e todo o Património Arqueológico Subaquático?
Talvez o Ministro da Cultura e do Mar possa esclarecer se há objectivos de devolver este tesouro à ilha do Maio?
- Quanto rendeu o leilão das peças do "Princess Louisa", sendo que continuam a serem vendidas online, cada moeda de prata de 1 Real, a $395; as de 4 Real- $445 e as de 8 Real- $795.
- Que peças foram roubadas do Museu de Arqueologia da Praia em 2017, guardadas sem qualquer vigilância ou segurança reforçada?
Continua na próxima semana
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