O novo centro de expurgo de Santo Antão, que está a ser construído no porto de Porto Novo, deverá resolver o problema do embargo aos produtos agrícolas da ilha, imposto há quase 40 anos devido à praga dos mil pés. A infra-estrutura deve ficar pronta ainda em 2024 e espera-se que venha a trazer um novo impulso à agricultura em Santo Antão.

O novo centro de expurgo, localizado dentro das instalações portuárias de Porto Novo, terá uma área de 1350 metros quadrados e está orçado em 80 mil contos.

Segundo o delegado do Ministério da Agricultura no município do Porto Novo, Joel Barros, as obras estão a decorrer “a um bom ritmo” e, quando finalizada, o centro vai facilitar o escoamento dos produtos agrícolas para os mercados turísticos do Sal e da Boa Vista.

“Muitas vantagens” aos agricultores da ilha

O executivo, por sua vez, vê o centro de expurgo como solução para resolver o problema do embargo imposto há quase 40 anos aos produtos agrícolas de Santo Antão, devido à praga dos mil-pés e, ao mesmo tempo, é uma obra que traz “muitas vantagens” aos agricultores de Santo Antão pelo facto de se situar no “ponto de saída” desta ilha.

O centro de pós-colheita que existe no concelho desde 2013 tem funcionado de forma residual, dada a sua localização, criticada pelos agricultores. Mesmo assim, segundo dados do Ministério da Agricultura, em 2023 foram tratadas cerca de 118 toneladas de produtos.

Agricultores expectantes

A embalagem, conservação e o transporte estão entre os principais desafios apontados pelos agricultores da ilha, que, apesar da seca, têm conseguido colocar uma boa quantidade de produtos em São Vicente, e também no Sal e Boa Vista.

Em recentes declarações à revista INICIATIVA, o representante da Aliança de Produtores de Santo Antão, Vanderley Rocha, apontou a necessidade crescente de organizar a produção, que continua, não obstante as secas e a mão-de-obra cada vez mais escassa na ilha.

O centro de espurgos, considera este produtor, vem trazer novas oportunidades para um mercado diferente.

“Vai ser uma mais-valia, já que é uma infra-estructura para ajudar a organizar a cadeia produtiva e melhorar o nosso mercado, ou seja, para não ficarmos somente em Santo Antão e São Vicente, que têm sido os nossos principais mercados”, revelou Vanderley Rocha,

Embargo aos produtos agrícolas de Santo Antão

A ilha de Santo Antão está, desde 1984, sujeita a um embargo aos seus produtos agrícolas, devido à praga dos mil-pés, sendo que, até bem pouco tempo, São Vicente era o único mercado autorizado.

Em Novembro 2022, o Governo decidiu suspender o embargo para o Sal e Boa Vista, por serem ilhas com um mercado emergente com grandes consumidores destes produtos, mas, sobretudo, por não representarem riscos relativamente à propagação e disseminação da praga dos mil-pés.

Por outro lado, o governo cabo-verdiano já avançou que está a trabalhar, com a cooperação chinesa, através de um Instituto de Investigação, para encontrar uma solução estruturante para a praga dos mil-pés.

O que é a praga dos mil-pés?

Os mil-pés são uma espécie de centopeia que come plantas, tubérculos e raízes. São conhecidos na ilha de Santo Antão desde os anos 70, quando surgiram no vale da Ribeira Grande, zona de agricultura de irrigação.

Contudo, há 40 anos, atingiu a proporção de uma praga, de tal ordem que as autoridades proibiram a exportação de produtos agrícolas de Santo Antão, permitindo que chegassem apenas à vizinha ilha de São Vicente.

C/ Revista INICIATIVA / Inforpress

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