Lisboa, 11 Jul (Inforpress) – A gestora do Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV), em Lisboa, destacou a contribuição do espaço para reforçar ainda mais a importância de divulgar e acarinhar a cultura cabo-verdiana e a diversidade cultural no seu todo.

Ângela Barbosa fez essa declaração à Inforpress no âmbito das comemorações do quinto aniversário do CCCV, inaugurado a 06 de Julho de 2019, indicando alguns momentos nesse percurso, como a celebração da morna como Património Imaterial Cultural da Humanidade, a actuação de Nha Balila, no âmbito “MMM - Março Mês da Mulher”, a apresentação do Gil Moreira com a cimboa, em conjunto com um músico austríaco que toca cítara, e o desfile de tabanca no mês da Cultura e das Comunidades, em 2022.

Da programação anual, a gestora destacou ainda projecto musical “Kriolo Sounds – cada nota, uma estória” e, relativamente a eventos, considerou que a celebração do 05 de Julho é “o mais impactante” pelo significado e importância da data.

“Nestes cinco anos de existência o CCCV contribuiu para reforçar ainda mais a importância de divulgar e acarinhar a cultura, não só a nossa, a cabo-verdiana, mas a diversidade cultural no seu todo. Mas não temos feito só isso, também temos mostrado que o respeito pela multiculturalidade e inclusão das comunidades é fundamental para o bem-estar das pessoas e para o desenvolvimento dos países em vários aspetos”, frisou.

Em relação ao contributo que o centro tem dado para o fortalecimento dos laços entre Cabo Verde e Portugal, Ângela Barbosa disse que a assinatura do protocolo de cedência do edifício para o CCCV com a Câmara Municipal de Lisboa é demonstrativa da importância dos laços culturais seculares que unem os dois países.

Estes, continuou, ficam ainda “mais evidentes” por via do reforço da diplomacia cultural, além de todos os outros laços.

“São Bento é um dos bairros mais icónicos para a cultura cabo-verdiana em Portugal, porque aqui floresceram e cresceram alguns dos primeiros empreendimentos culturais de africanos, tendo sido Bana um pioneiro”, lembrou.

Com o crescimento do turismo na cidade de Lisboa, prosseguiu a mesma fonte, parecia que as ruas do bairro eram mais frequentadas por turistas do que por gente falante de língua portuguesa e dos países de expressão portuguesa, contou.

A responsável notou que com a abertura do CCCV há cada vez mais cabo-verdianos e outros lusófonos a frequentar a zona, assim como de outros países africanos e não só.

Isto porque, hoje, as pessoas são “atraídas pelos aromas das comidas de Cabo Verde”, pelos ecos que a música [cabo-verdiana] deixa no ar e pela arte, entre muitas outras atividades.

Nesses cinco anos, Ângela Barbosa sublinhou que o dia-a-dia do centro tem sido intenso, lembrando os contratempos criados pela pandemia da covid-19, mas que desde início de 2022 o espaço não parou, tendo uma programação própria, complementada com os pedidos da comunidade cabo-verdiana e outras.

“Estou sempre muito ocupada, desde a preparação da programação e da agenda, dos eventos, passando pela manutenção do espaço, resolução das questões que surgem, assim como receber os visitantes e pessoas que querem apresentar os seus projectos e eventos”, declarou a mesm fonte. Ou seja, continuou, mesmo que pareça que não há muito para fazer, há sempre muitas tarefas de bastidores envolvidas, já que é um trabalho e um esforço “quase invisíveis”, que faz com que os visitantes e outras pessoas tenham esta ideia de que é “tudo tranquilo e fácil de concretizar”, frisou.

Para comemorar o quinto aniversário do CCCV, Ângela Barbosa indicou que foi preparado um conjunto de evento ao longo do mês de Julho, para da celebração dos 49 anos da Independência, porque o centro foi inaugurado por ocasião dos 44 anos do 05 de Julho, o que faz com que as duas datas coincidam.

Até ao momento já aconteceu, no dia 05 de Julho, a actuação dos artistas Vânia Martins e Princezito, acompanhados pelo guitarrista Ariel, e a inauguração de uma exposição colectiva de artes plásticas, denominada “Island Escapology - Escapologia da Ilha”, que junta mulheres artistas insulanas, oriundas ou com origem em ilhas e países insulares.

No dia 06 aconteceu a inauguração da exposição “Alt_Print Riba Kova”, que juntou os artistas Mito Elias e Rita Pires a jovens do Bairro da Cova da Moura e à Associação Cultural Moinho da Juventude ao projecto com o mesmo nome, financiado pelas embaixadas de Cabo Verde e da Austrália, país onde o cabo-verdiana Mito Elias vive há mais de dez anos e cuja embaixadora em Portugal está também acreditada em Cabo Verde.

O dia do aniversário terminou na Fundação Calouste Gulbenkian, com o concerto “Pilon di Xou” do Princezito, acompanhado no palco por mais de 40 batucadeiras e integrado no Festival Jardim de Verão, do qual um dos curadores é o artista luso-cabo-verdiana Dino d’Santiago, como forma de homenagear “a batucadeira”, imagem do mural que emoldura a parede lateral exterior do CCCV.

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Inforpress/Fim