Embora o evento, que decorre nos dias 07 e 08 de Junho, não tenha como objectivo tomar nenhuma decisão, o biólogo acredita que a conferência vai ser “um momento para escutar para o futuro” e aproveitar esse manancial de ideias e sugestões para formular ideias consistentes relacionadas com a gestão sustentável dos oceanos.

“Vamos ouvir muitas palestras, apresentações sobre novas experiências que têm sido feitas em Cabo Verde e em outras regiões como o Brasil e as Seychelles, para uma troca de ideias sobre os trabalhos que têm sido feitos na literacia oceânica”, explicou.

Sob o lema “Oceanos sustentáveis – sociedades resilientes: educando para o futuro”, o evento é realizado pelo Presidente da República, enquanto patrono da Aliança da Década do Oceano, e conta com a participação de representações da UNESCO, investigadores, poder central e local, corpo diplomático e a sociedade civil cabo-verdiana.

O mesmo frisou que a conferência da Década do Oceano, no Sal, com “foco na literacia e mudança de comportamentos”, vai permitir que investigadores da área possam expor pesquisas e os respectivos resultados, “muito importante” para o país nesta matéria, mas que “muitas vezes não é encontrado uma boa forma de comunicar estas pesquisas para o público em geral”.

Neste sentido, continuou, “esta é uma grande oportunidade”, não só, para os ambientalistas e interessados na matéria”, mas para a sociedade em geral, “que precisa pensar no que mudar para um futuro melhor dos nossos oceanos”.

“Esperamos que haja uma reacção a curto prazo sobre as políticas porque é preciso mudar e incrementar medidas para a protecção do nosso mar”, continuou.

O biólogo faz questão de ressaltar que quando se fala dos oceanos “a tendência é pensar apenas na faixa de água”, quando na verdade deve-se incluir a orla costeira para falar do meio marinho num todo.

“É neste aspecto que temos tentado trabalhar mais nos últimos anos, que seria na protecção do litoral e na recuperação de ecossistemas-chave, incluindo sempre as questões do clima na planificação dos planos de desenvolvimento da orla costeira”, frisou Albert Taxonera.

A mesma fonte lamentou o facto de algumas vezes “se terem promovido empreendimentos que “não fazem sentido”, esquecendo que o nível do mar vai subir e que é preciso recuperar os ecossistemas costeiros, com sistemas de dunas e zonas húmidas que vão ajudar no futuro.

Quanto à poluição transfronteiriça, Taxonera explicou que Cabo Verde, pela sua localização geográfica, “recebe muito lixo marinho, principalmente nas costas norte e leste das ilhas”, pelo que espera uma forte sensibilização dos países nesta conferência, para a tomada de decisões que diminuam este impacto.

O biólogo concluiu frisando que “todos são chamados a olhar para o oceano e a engajarem-se nessa década”, entendendo que ela é uma força motriz para alcançar os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030.

Sob o lema “Oceanos Sustentáveis, Sociedades Resilientes, Educando para o Futuro”, a conferência deverá contar com a participação da Unesco, do Sistema das Nações Unidas, de universidades, autoridades locais e nacionais, além de investigadores e organizações não-governamentais.

Aumentar a literacia oceânica, contribuir para o conhecimento dos recursos relacionados com o mar em Cabo Verde, aumentar a consciência social sobre a necessidade e urgência da preservação dos oceanos, são alguns dos objectivos da terceira conferência sobre a Década do Oceano promovida pelo Presidente da República que acontece entre os dias 07 e 08 de Junho, no Sal.