Em declarações à Inforpress, Valita Mensa contou que nestas ultimas semanas tem vindo a acumular sucessivos prejuízos, uma vez que não tem conseguido transportar os seus produtos, tanto para a ilha de Santiago como para a Europa.

"Agora pergunto até quando vão começar a pensar na nossa situação e ir buscar os nossos produtos para levarem para Praia?", questionou, adiantando que desde o inicio do mês de Maio está a tentar enviar uma encomenda de pescado para a Europa e em vão.

"Tenho um cliente que vai viajar no dia 08 de Junho para Portugal e que já tinha solicitado uma certa quantidade de produtos, mas tive que lhe dizer que não, que vai ser possível enviar o produto à Praia”, disse, referindo que até final do mês de Junho já tinha várias encomendas solicitadas, mas que teve que as cancelar por dificuldade de transporte

Conforme adiantou aquela comerciante, do contacto que fez junto dos representantes da agência na ilha do Maio, a resposta que recebeu foi a de que ainda não existe uma garantia para o transporte de mercadorias a partir da ilha do Maio,

"Já contactei outras companhias que prestam este serviço e todas me disseram para aguardar", desabafou, apontando que enquanto isso os comerciantes dos diversos ramos estão a acumular prejuízos, mas estão com medo de expressarem as "suas dores", por medo de "represálias" politicas.

Conforme adiantou, o descontentamento é geral, mas poucos ou quase ninguém está com a coragem de expressar ou denunciar esta situação, considerando não existir “democracia e Estado de direito” numa ilha que, na sua opinião, tem todas as condições para desenvolver em termos de turismo.

Defendeu que isto está a acontecer porque a ilha não tem merecido a atenção dos dirigentes políticos, lembrando que os navios Lagoas e Praia D’aguada só fizeram escala na ilha, onde há já sinais de escassez de produtos nas prateleiras.

O pior disso tudo, informou, é que muitos produtos transportados para a ilha nestes últimos dias chegaram todos estragados e ninguém vai se responsabilizar pelos prejuízos, indicando que os dirigentes políticos sequer contactam os comerciantes para os ouvir.

Propõe, para minimizar aos problemas, a colocação de um outro navio para o transporta de carga e passageiros, com a periodicidade pelo menos semanal para colmatar essa falha.

O comerciante apela ao Governo para dar uma outra atenção à ilha, porque, sustentou, o "povo está a sofrer, mas calado, por causa de represálias".

Por seu lado, a comerciante Domingas Mendes disse que os produtos, como frutas e verduras, estragaram praticamente todos, tendo em conta que ficaram retidos na ilha de Santiago por vários dias.

"As minhas mercadorias chegaram praticamente todas estragadas e ainda estou em divida com a senhora com quem fiz o negócio”, contou, apontando as despesas com arrendamento de casa, que ainda não pagou e nem sabe como faze-lo, uma vez que aplicou a sua economia nesta compra.

Afiançou ter contactado o representante da agência no porto aquando da chegada das mercadorias e nem sequer foi dada a devida atenção, por isso já deitou fora todos os produtos por não suportar mau cheiro em casa.

“Estamos à espera que alguém veja para nossa situação, porque por esses dias tenho andado assim, sem fome, sem sede, quanto mais sono", desabafou.