Jerónimo Cunha, que falava à imprensa durante o “workshop” Cabo Verde - Portugal sobre a gestão de energia e promoção da eficiência energética, disse que esta oportunidade pode ser aproveitada, não só para Cabo Verde se afirmar nas questões do clima, mas também, uma oportunidade para o arquipélago a nível de questões económicas.

“Portugal olha para a transição energética como uma oportunidade económica. Se nós pudermos produzir a nossa própria energia com os nossos recursos, seremos mais competitivos e acho que Cabo Verde ambiciona isto, e é isto que nós queremos contribuir e ajudar Cabo Verde neste sentido”, asseverou.

Neste sentido, avançou que Portugal quer partilhar a sua experiência com o arquipélago a nível dos consumidores de energia, “pela sua natureza de grandes consumidores que merecem uma abordagem diferente” sobre questões de eficiência energética e energias reprováveis.

“Portugal já tem na sua lei a consagração deste estatuto, já temos algumas experiências e queremos, efectivamente partilhar com os nossos colegas cabo-verdianos, também para eles, poderem implementar estratégicas e políticas neste sentido”, referiu, considerando que os grandes consumidores de energias pela sua natureza têm de dispor de mecanismos diferentes dos consumidores normais de energias.

Já o director da Indústria, Comércio e Energia de Cabo Verde, Rito Évora, enalteceu o protocolo de cooperação existente entre as duas instituições homólogas, alegando que inclui uma vertente importante virada para a promoção do eixo estratégico da eficiência energética, enquanto um dos eixos do Programa Nacional de Sustentabilidade Energética.

Realçou que se trata de uma peça essencial para o programa cabo-verdiano de transição energética, afiançando que para além de substituir fontes de energias fósseis para energias renováveis, o que mais pode contribuir e a forma mais barata, expedita de evitar as emissões de gases com efeitos de estufas, passa pela redução de consumo, ao usar de forma mais eficiente a energia.

“São pequenos investimentos, mas com grandes impactos e um retorno em termos de recuperação de investimento muito curto”, esclareceu Rito Évora.

A semana, enfatizou, está a ser marcada por uma intensa agenda de debate e de comunicação sobre a energia energética, abarcando tópicos como a integração de renováveis, armazenamento de energias, microprodução, fórum, simpósio germânico-cabo-verdiano.

A cooperação internacional é considerada crucial para acelerar a transição energética, a nível global, pelo que as parcerias bilaterais e multilaterais são vitais para impulsionar a transição para um futuro mais limpo e sustentável, uma vez que os desafios globais comuns exigem respostas concertadas.

Portugal assinou com Cabo Verde, em Dezembro, um acordo que prevê a conversão de dívida em financiamento climático à margem da 28ª Conferência das Nações Unidas, tendo a primeira fase sido dedicada à reconversão de um parque solar fotovoltaico já instalado.