O presidente da Câmara Municipal de São Filipe, Nuías Silva, desafiou esta terça-feira, 04, o ministro da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social (MFIDS), Fernando Elísio Freire, a dotar a região Fogo/Brava de um centro de emergência infantil.

O edil de São Filipe, que participava da cerimónia da abertura do acto central para assinalar a semana nacional de luta contra o abuso e a exploração sexual contra crianças e adolescentes e do lançamento da campanha Proteja, argumentou que face à realidade das duas ilhas há a necessidade de se abrir um centro de emergência.

Nuías Silva disse esperar que o pedido seja acarinhado para que um verdadeiro centro seja instalado em São Filipe para servir toda a região.

Nuías Silva apelou à presidente do Instituto Cabo-verdiano da Criança e Adolescente (ICCA) para, de forma continuada, reforçar a delegação da ilha tendo em conta que a estatística demonstra que Fogo é uma ilha com muita incidência.

Para Nuías Silva perante a realidade dos dados é necessário que haja uma discriminação positiva para a criação das condições, não só, de mobilidade, mas também de atendimento e de apoio psicológico e domiciliário para combater o abuso e a violação sexual das crianças e adolescentes.

“A delegação está a fazer um bom trabalho, mas necessita de reforços para fazer muito mais e melhor trabalhar a problemática”, referiu Nuías Silva.

Com relação à campanha Proteja este disse que a mesma convoca e apela a todos para uma acção no sentido de proteger as crianças e adolescentes contra violência e agressão sexual que segundo o mesmo, é uma das formas mais graves e agressivos de violar os direitos das crianças e adolescentes.

A campanha, no dizer do mesmo, apela a uma acção colectiva para proteger as crianças sendo que a primeira responsabilidade é da família, defendendo por isso a consciencialização da família enquanto primeira barreira de defesa das crianças.

Por sua vez, a presidente do ICCA, Zaida Freitas, depois de destacar o trabalho realizado pela sua instituição na defesa das crianças apontou que o grande desafio é o de mobilizar todos os intervenientes relacionados à infância.

Esta indicou que o país ainda é confrontado com casos de violação e abusos de crianças e adolescentes, sublinhando que a ilha do Fogo e a região de Santiago Norte encabeçam a estatística.

“Em 2023 o ICC registou 211 denuncias de casos de abuso sexual, sendo 17 do sexo masculino e 194 do sexo feminino. Do total dos casos atendidos pela instituição, a maior parte são de adolescentes com idade entre os 13 e os 17 anos (137 casos)”, apontou Zaida Freitas, sublinhando que registou uma ligeira diminuição em relação a 2022 ano em que foram registados 218 casos.

“A ilha do Fogo continua a ter maior número de denuncias”, destacou a presidente do ICCA indicando que, em 2023, das 211 denúncias de casos, 43 eram da ilha do Fogo seguido da região de Santiago Norte, com 41 casos.

Este ano, a nível nacional, explicitou Zaida Freitas, o ICCA contabilizou 84 casos de denúncias de abusos e violências sexuais, dos quais 18 são da ilha do Fogo.

A responsável do ICCA disse que a intenção da instituição é descentralizar as suas actividades, mas não escondeu que a abertura da semana nacional e do lançamento da campanha Projecta na ilha do Fogo está relacionada com algumas preocupações que tem tido relativamente à existência de alguma tendência para ter um número um pouco acima das outras ilhas.

“Apesar de termos de fazer o trabalho de forma cuidada em todas as ilhas há uma necessidade de estar mais atenta à ilha do Fogo”, defendeu Zaida Freitas que aproveitou a realização desta actividade para efectuar a sua primeira visita à delegação do ICCA na qualidade de presidente e para se encontrar com parceiros para abordagem do flagelo de abuso e violação dos direitos das crianças e adolescente.

A Semana com Inforpress