Yosmel Cabreira considera que a sua não-aceitação na Ordem é resultado da pressão exercida pela Embaixada de Cuba e pede ao governo de Cabo Verde para ajudar a desbloquear uma situação ate agora sem uma solução à vista.
O cubano, que reside na ilha do Sal onde trabalhou um mês no hospital regional, o cubano afirma que tem toda a documentação em ordem - autorização de residência, equivalência oficial do seu curso de medicina e promessa de contrato de trabalho no hospital de Espargos - mas mesmo assim a Ordem dos Médicos continua a lhe negar a inscrição, sem a qual não pode exercer sua profissão.
Na impossibilidade de exercer medicina Ismael ficou seis meses desempregado ate que encontrou trabalho no setor hoteleiro na ilha do Sal onde vive com a sua esposa, que também é medica, e um filho de quatro anos.
DADO COMO DESERTOR
Yosmel diz que em Cuba já e considerado desertor e fugitivo e caso regresse incorre a uma pena de oito anos de cadeia como está estipulado no Código Penal de Cuba para os médicos profissionais que não regressam ao país depois de completar a missão de trabalho no exterior.
A alternativa é não regressar a Cuba durante esses 8 anos, o que é tida pelas próprias Nações Unidas como uma forma forçada de separar médicos dos seus familiares, para alem de violar a lei do trabalho.
CRITICAS AO MODELO DE COOPERAÇÃO
Se a exportação de médicos é um negocio muito lucrativo para o governo cubano, o mesmo não se pode dizer para países beneficiários como Cabo Verde que, de acordo com Yosmel Cabreira, gasta milhões para financiar esse serviço, quando podia usar esse dinheiro para contratar médicos permanentes, saindo assim da dependência.
Quem realmente paga a missão medica cubana em Cabo Verde é Luxemburgo mas especialistas na matéria consideram que o valor em causa - que nunca é revelado - podia ser mais útil se fosse utilizado para desenvolver o próprio corpo medico (como aconteceu no Quénia, por exemplo) .
De resto apenas 25 por cento desse dinheiro reverte-se a favr desses médicos cubanos que trabalham no estrangeiro, ficando a maior maquia nos cofres do regime.
Numa declaração à TCV Yosmel deu a entender que há outros médicos cubanos em Cabo Verde em situação semelhante e apela às autoridades nacionais para que lhes permitam trabalhar em Cabo Verde, “país livre e democrático “ mas com falta gritante de especialistas.
Yosmel Cabreira chegou a Cabo Verde em 2020 com um contrato de 2 anos e depois prorrogado ate abril de 2023 e trabalhou como cirurgião geral no hospital Batista de Sousa em Mindelo e em março no Hospital Ramiro Figueira, na ilha do Sal.