As infra-estruturas desportivas em São Vicente estão em completo estado de degradação e abandono. A perda de competitividade da ilha no desporto nacional, no dizer de algumas das nossas fontes, está associada à falta de investimentos e atenção que há anos se verificando, cabendo à Câmara Municipal um papel destacado.

Campos há muito com pisos estragados, obras iniciadas e nunca concluídas, além de vários outros problemas, compõem o quadro da falta de condições para a prática desportiva em São Vicente. Uma situação que leva vários agentes desportivos, ouvidos pelo A NAÇÃO, a apontar o dedo à Câmara Municipal.

A perda de competitividade da ilha no desporto nacional, no dizer de algumas das nossas fontes, passa também pela falta de investimentos e atenção que há anos se verificando, neste domínio, cabendo à Câmara Municipal um paSão Vicente Infra-estruturas desportivas em estado de abandono e degradação pel destacado, já que boa parte dos equipamentos é da sua responsabilidade.

O polidesportivo Oeiras, no Monte Sossego, o único em condições de receber competições oficiais e treinos das equipas de modalidades ditas de salão, está a “romper pelas costuras”, como nos foi dito.

Os espaços que estavam em construção, para actividades desportivas, segundo as fontes do A NAÇÃO, há vários anos que foram “simplesmente abandonados”, caso do pavilhão desportivo de Chã de Alecrim. Mas também dos “campos” da Bela Vista, Ribeira de Craquinha e Bitim (Monte Sossego). Sem esquecer das placas de São Pedro, Ribeira de Calhau e Salamansa.

Segundo os entrevistados do A NAÇÃO vários clubes e agentes desportivos há muito vem reclamando em diversos fóruns, clamando por “mais e melhores” infra-estruturas, aparentemente, sem qualquer resultado prático quer das autoridades municipais, quer nacionais.

O facto de a Câmara Municipal, presidida por Augusto Neves, eleito pelo MpD, não se entender com os vereadores da UCID e do PAICV, é apontado como uma das razões para o desinvestimento que se vem verificando no sector desportivo na Ilha do Monte Cara. Isto, paradoxalmente, numa altura em que Cabo Verde vem ganhando expressão internacional no campo desportivo.

Preocupações, alertas e apelos

Ary Lopes, da Associação Desportiva do ASAS do Norte, futebol de formação, em Chã de Alecrim, mostra-se preocupado com o estado do relvado, “propício para a contração de lesões graves nos miúdos que ali treinam”.

Mesmo sem condições, e na falta de melhor, é aqui que as equipas de formação de Chã de Alecrim, Falcões do Norte e ASAS do Norte vão treinando.

Essa crítica é partilhada por Gastão Alves, formador e monitor das escolinhas do Desportivo do Monte Sossego.

Este activista vai mais longe, afirmando que tanto esse como o campo da Bela Vista encontram-se danificados há já vários anos, apontando também ele o dedo à Câmara Municipal.

Como refere, “o estado destas infraestruturas deixa milhares de atletas jovens sem praticar, neste caso o futebol de formação”, salientando que, apesar de todos os alertas e apelos,  as autoridades continuam sem dar mostras de alguma  preocupação com esta «situação gritante e deplorável para São Vicente».

Modalidades de salão

Neste quadro de falta de campos e condições, a prática de Voleibol, Andebol, Basquetebol, bem como o Futsal, modalidade em que a Selecção de São Vicente ostenta o título de campeão inter-ilhas, vai sendo difícil e complicado.

A única infraestrutura que acolhe a maior parte das modalidades e competições é o “Pavilhão Municipal Oeiras”, no Monte Sossego, mas, como se diz na gíria, também está “a romper pelas costuras”.

Recentemente, esta situação foi, inclusive, alvo de críticas dos dirigentes dos clubes e da Associação Regional de Andebol, numa reportagem do A NAÇÃO, na Ilha do Monte Cara.

Situação “sufocante e intolerável” De acordo com os agentes desportivas, a situação tende a tornar-se “sufocante e intolerável”, para todos os amantes do desporto, quer os praticantes, quer os dirigentes.

Gastão Alves revela que, tirando as placas da Bela Vista, conhecida por “Piscinão”, e a da Ribeira Bote, todas as outras placas encontram-se em estado de degradação, o que deixa centenas e até milhares de atletas sem praticar o desporto de salão (futsal, andebol, entre outas).

Segundo ele, neste olhar, há que acrescentar a situação do polidesportivo da Zona Norte da ilha, situada em Chã de Alecrim, que se encontra em construção há mais de dez anos e que não há meio de as obras serem concluídas.

Para aquele dirigente, caso fosse concluído o polidesportivo de Chã de Alecrim, este haveria de aliviar o polidesportivo de Oeiras, abrindo-se a outras modalidades, como o futsal cuja prática está proibida nesse local.

Ary Lopes desabafa, por outro lado, que a situação em que se encontra o polivalente da Chã de Alecrim é de uma “tristeza enorme”. Como alega, mais do que o desporto, o local vem servindo para albergar os jovens que ali vão para consumir drogas.

Campo Chã de Alecrim

Clubes arcam com despesas extraordinárias

José Manuel Dias, presidente da Comissão de Gestão dos Falcões do Norte, disse- -nos, por seu lado, que, do ponto de vista do seu clube, ora despromovido à segunda divisão do regional de futebol de São Vicente, o facto de não haver condições para a utilização do campo implica que a equipa não consiga realizar a maioria dos seus treinos em Chã Alecrim como fazia antigamente.

“Este facto acarreta maiores despesas de transporte na deslocação do Staff, e dos materiais de treino”, adianta este dirigente.

A este propósito, citou o exemplo desta época em que a equipa treinou no Adérito Sena, nos campos de Bitin, Craquinha e Centro Estágio, consoante calhasse, acarretando uma despesa mensal, em transporte de  aproximadamente nove mil escudos.

“Com o campo de Chã de Alecrim a funcionar adequadamente isso traria ganhos para o clube da zona e um ganho geral para toda a ilha de São Vicente, uma vez que seria mais um campo disponível para a prática de futebol, para todos os amantes do desporto na ilha”, sustentou José Dias.

Câmara em silêncio

Para efeitos de contraditório, A NAÇÃO contactou o vereador responsável pelo pelouro do Desporto, Janísio Neves, que no momento da nossa chamada se encontrava na ilha do Maio a representar a Câmara de São Vicente. Explicado do que se tratava, o mesmo prometeu falar à nossa reportagem, logo assim que possível. Depois, apesar de nossas reiteradas tentativas, não mais atendeu às nossas chamadas.

Eleito pelas listas do MpD, Janísio Neves é vereador pelo pelouro da Cultura, Desporto e Juventude Espaços Culturais Municipais, Bibliotecas, Arquivos e Museus Protocolo e Comunicação Social Modernização administrativa e TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação).

João A. do Rosário

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 874, de 30 de Maio de 2024

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