Cidade da Praia, 03 Jun (Inforpress) - O PAICV (oposição) disse, hoje, estar “muito preocupado” com a situação da infância no país, e defende a criação de observatório para analisar a “situação crítica” das famílias e o impacto das “fracas” políticas públicas do Governo.

Estas ponderações vieram na voz da parlamentar e membro da Comissão Política Nacional do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Ana Paula Moeda, por ocasião do Dia Internacional da Criança e do Dia Nacional Contra o Abuso e Exploração de Menores, assinalado a 01 e 04 de Junho, respectivamente.

“Este é um momento de celebração, mas também de reflexão sobre as condições de vida das crianças de Cabo Verde e o futuro que desejamos construir para elas. Um futuro incerto, com as opções que se vêm tomando por parte do Governo e com as que não se tomam”, comentou, realçando que é “preciso acelerar” com realizações que cheguem “de facto” às crianças e com amparo às famílias.

Reiterando que o sector da infância precisa de respostas mais “robustas, eficazes e rápidas”, a todos os níveis, a parlamentar, disse que “urge acelerar” a implementação de um observatório sobre a “situação crítica” das famílias, mais concretamente as crianças e pré-adolescentes, para se analisar o impacto das “fracas políticas públicas” implementadas pelo Governo de Ulisses Correia e Silva.

“Há que reverter o quadro actual, o quanto antes. Precisamos de políticas que promovam a inclusão, a qualidade no ensino e a permanência dos alunos nas escolas. A protecção contra o assédio, o abuso e à exploração sexual de menores, continua a falhar”, expressou, observando que o Dia Nacional Contra o Abuso e a Exploração Sexual de Menores, “exige” tolerância zero e uma tomada de posição para acabar com este flagelo.

“Dominado pelo silêncio das famílias com medo e receio da estigmatização e pelo descrédito em relação à acção das entidades oficiais na resolução dos casos e desta matéria tão cara a todos”, lamentou.

“Precisamos de uma resposta integrada, mais apoio às famílias e às vítimas, melhorando também a sua condição de vida: habitação condigna, trabalho para chefes-de-família desempregados, incentivos ao trabalho por conta própria, eliminação do trabalho infantil, ocupação para as crianças em tempo integral, ATL, estudo assistido, creches e jardins-de-infância (...) para uma efectiva protecção, prevenção e amparo”, ilustrou, ponderando que cerca de 20 por cento (%) das crianças em Cabo Verde vivem na pobreza extrema.

Expostas, juntou, a maiores riscos de exclusão, desnutrição, doenças, acesso à saúde e aos bens básicos.

“As respostas públicas falham com as famílias, com as crianças e adolescentes e falham com a sociedade”, enfatizou a mesma fonte, acentuando que é “fundamental” que se crie um ambiente onde todas as crianças possam crescer com dignidade, segurança, oportunidades e liberdade.

“O PAICV está consciente de que esta é uma dura realidade que merece atenção e acção, mas, hoje. Ninguém pode ficar indiferente”, finalizou.

SC/ZS

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