"É a vontade do povo, e é isso que devemos aceitar", declarou Fikile Mbalula.

Em conferência de imprensa no centro de resultados da Comissão Eleitoral Independente (IEC), em Joanesburgo, o dirigente do Congresso Nacional Africano (ANC na sigla em inglês) referiu que o partido "não pode abandonar o navio, porque seis milhões de pessoas ainda acreditam" nele.

"Ainda estamos de pé. Nós voltaremos", vincou.

Mbalula congratulou os outros partidos que "conquistaram os corações do povo" e agradeceu à Comissão eleitoral sul-africana.

O secretário-geral do ANC apelou ainda a todos os sul-africanos para que "resistam aos esforços daquelas forças que querem minar a democracia", numa alusão a declarações do ex-presidente Jacob Zuma.

Na véspera do anúncio dos resultados finais pela Comissão Eleitoral, previsto para hoje, Zuma disse que "não deve haver pressa para declarar as [resultados das] eleições", sublinhando que "haverá problemas".

Na ótica de Mbalula, o ANC emerge da eleição com um "mandato firme", reconhecendo que pese embora o ANC tenha sido o partido mais votado, os resultados mostram um "declínio significativo" relativamente às anteriores eleições [57,5% dos votos em 2019].

"Queremos garantir ao povo da África do Sul que ouvimos", frisou o secretário-geral do ANC Governante.

"O nosso trabalho é começar a fazer bem as coisas", declarou à imprensa Mbalula.

Com 99,91% dos círculos eleitorais declarados às 11:50 (10:50 de Lisboa), o ANC de Nelson Mandela vai permanecer no poder, sendo o partido mais votado, mas perdeu a maioria absoluta com 40,20% (6 447 659 votos) nas eleições realizadas quarta-feira, segundo os resultados provisórios divulgados pela comissão eleitoral.

O Aliança Democrática (DA), líder da oposição em 2019, é o segundo partido mais votado, com 21,78% (3 493 758 votos), seguido do partido uMkhonto weSizwe (MKP) do ex-presidente Jacob Zuma com 14,59% (2 339 203).

Em 2019, o partido liderado por Cyril Ramaphosa, que é também Presidente da República da economia mais desenvolvida no continente, obteve 57,5% dos votos, elegendo 230 deputados para o parlamento bicameral de 490 lugares.

A confirmarem-se os resultados, o Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês) terá de encontrar partidos à esquerda ou no centro-direita que queiram formar uma coligação para governar o país nos próximos cinco anos.

Nesse sentido, o secretário-geral do ANC indicou hoje que "as negociações estão em curso a todo o vapor", incluindo com o partido MK de Jacob Zuma, acrescentando que o Comité Nacional Executivo (NEC, na sigla em inglês) do partido no poder fará um anúncio nesse sentido na próxima terça-feira.