Cidade da Praia, 22 Mai (Inforpress) - O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV-oposição) pediu hoje justificativas do Governo relativamente à contradição apresentada pelos dados sobre o “grande” crescimento económico de Cabo Verde e o “encolhimento” do mercado e postos de trabalho.

O presidente do partido, Rui Semedo, no seu discurso durante o segundo dia da sessão ordinária do mês de Maio, que decorre até sexta-feira com o tema “Crescimento Económico e Emprego”, em debate com o primeiro-ministro, defendeu que o Governo tem falhado no crescimento económico de 7% ao ano.

Para a oposição, Cabo Verde deve crescer de “forma acelerada e sustentável”, garantindo rendimento, melhoria da qualidade de vida aos cabo-verdianos e tornando-se num País mais competitivo.

O líder do partido questionou se o crescimento ora apresentado estará a contribuir para o aumento do poder de compra das famílias, uma vez que os salários não aumentaram e as famílias hoje têm mais dificuldades do que em 2016.

“O primeiro-ministro pode repetir como tem feito, que tivemos a pandemia, a guerra na Ucrânia, o conflito no médio oriente e outros, mas isso apenas confirma que as famílias foram submetidas a grandes choques também e que não tem tido almofada suficiente para enfrentar as crises” disse.

Segundo Rui Semedo, uma verdade que não foi dita pelo primeiro-ministro é que com a crise inflacionista e o aumento generalizado dos preços, os governos conseguiram, em todo mundo, cobrar mais impostos, arrecadar mais receitas e até em alguns casos ter crescimento.

Contrariamente aos outros países que investiram no mercado, afirmou que em Cabo Verde as pessoas foram deixadas e abandonadas à sorte sem ponte para enfrentar a crise, sublinhando que, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), houve uma diminuição de 29 mil empregos de 2016 a esta parte.

“O primeiro-ministro acha justo não garantir oportunidade para os jovens realizarem os seus sonhos dentro da sua própria terra e ficar apenas com a possibilidade de imigrar. Achas que o País está a investir na qualificação dos seus filhos para depois ficarem em casa ou imigrar para trabalhar nas obras, bares, mercados e casas das pessoas?", questionou, realçando que o País não se desenvolve sem formação e criação de empregos.

Conforme realçou, o oposto do que foi prometido de reduzir os impostos de 1% ao ano e retirar a carga fiscal, o Governo aumentou os impostos, culminando no aumento do custo de vida e não estaria a facilitar o investimento de empresários nacionais e internacionais.

“Este País precisa de todos para crescer e prosperar. Senhor primeiro-ministro, está no poder há oito anos, é bom lembrar disso e é chegado a hora de apresentar os resultados, chega de desculpas com designadamente as heranças” acentuou, pedindo o esforço e investimento nas áreas estruturantes como a pesca, agricultura e desenvolvimento rural.

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