As doadoras de leite materno, Carla Tavares e Irina Monteiro, partilharam esta terça-feira, na Praia, as suas experiências sobre amamentação, destacando a importância da doação do leite materno como uma “boa prática” que pode salvar vidas de bebés.

De acordo com o Ministério da Saúde, nem todas mães conseguem amamentar, seja por dificuldades práticas ou por um parto prematuro que exige a internação do bebé na incubadora, razão porque, nesses casos, os bebés dependem do leite dos bancos de leite humano. Daí a importância de sensibilizar as mães para que haja cada vez mais doadoras desse “bem essencial”.

É neste sentido que o Ministério da Saúde, no âmbito do Dia Mundial de Doação de Leite Humano, que se assinala a 19 de Maio, vem promovendo um conjunto de actividades de sensibilização sob o lema “Amor em cada gota doada, vida em cada gota recebida” nas estruturas de saúde do País e hoje esta acção decorreu no Centro de Saúde da Fazenda, na Praia.

Carla Tavares compartilhou sua experiência pessoal ao falar sobre a relevância da doação de leite. O seu filho, nascido prematuro, precisou do leite doado durante os primeiros cinco dias de vida, pois a mãe não conseguiu amamentar devido ao estresse.

"O meu filho nasceu prematuro e durante os cinco primeiros dias não tive leite. Graças à doação de leite, hoje o meu filho está aqui com muita saúde", relatou Carla Tavares, que agora é doadora, exortando outras mães que estão dentro das condições exigidas para doarem leite.

Quanto mais leite tirarem, mais produzirão”, disse, desmistificando a falsa ideia de que doar leite pode deixar a mãe sem leite para o próprio filho.

A doadora Irina Monteiro também destacou a importância da doação de leite. Embora a sua experiência de amamentação seja positiva, o seu filho precisou de leite doado após o parto por cesariana, durante o qual nasceu “sufocado” e teve de ficar na incubadora.

"A doação de leite é extremamente importante. Hoje penso em doar porque foi muito importante para o meu bebé e quero salvar outras vidas também", afirmou Irina incentivando, igualmente, outras mães.

Em declarações à imprensa, a nutricionista e responsável pelo Posto de Colecta de Leite Humano no Centro de Saúde da Fazenda, Alzerina Monteiro, afirmou que a doação nos dois bancos de leite do país, localizados no Hospital Agostinho Neto, na Cidade da Praia, e no Hospital Baptista de Sousa, em São Vicente, ocorre de forma regular.

No entanto, tem sido necessário realizar um trabalho de sensibilização e incentivar as mães a doarem para aumentar a quantidade de leite disponível.

A doação é muito importante porque temos crianças que necessitam dessa doação para sobreviver. Precisamos incentivar a doação, porque muitas mulheres têm algum receio”, avançou a nutricionista.

Aquela responsável explicou que qualquer mãe saudável, que não tenha nenhuma doença transmissível pelo leite materno, pode ser doadora, tendo frisado que no posto de colecta e no banco de leite, há normas que devem ser seguidas para garantir a doação segura. Por isso, antes de doar as mulheres passam por testes para comprovar a saúde.

Tivemos de esclarecer que quanto mais se doa, mais se produz leite. Incentivamos as mães a encontrarem tempo para amamentar e extrair o leite,” instou Alzerina Monteiro, reforçando a importância de as mães serem doadoras.

Alertou ainda que o leite deve ser armazenado em recipientes de vidro com tampa de plástico. Pode ser conservado no frigorífico, se for usado no mesmo dia, ou no congelador para uso posterior.

Em casa, completou a nutricionista, sem tratamento específico, a conservação é mais limitada. No banco de leite, o leite passa por pasteurização para garantir a qualidade durante o armazenamento prolongado.

Alzerina Monteiro referiu ainda que a taxa de amamentação em Cabo Verde é considerada "boa", mas há a necessidade de aumentar esse número.

Este ano, Cabo Verde definiu como meta alcançar 50% de aleitamento materno até 2025, com base nas políticas adoptadas para a promoção do aleitamento materno exclusivo, nomeadamente, o alargamento da licença de maternidade e a formação em todas as estruturas de saúde.

 

A Semana com Inforpress