Declarações feitas hoje durante o debate parlamentar com o ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos.

Segundo Démis Almeida, o cenário dos transportes aéreos interilhas é de "caos", com as ligações aéreas asseguradas por duas aeronaves alugadas em regime de wet leasing, um arranjo que implica enormes custos adicionais devido ao aluguer de aviões com tripulação completa, incluindo pilotos e assistentes de bordo estrangeiros, manutenção mecânica e seguros.

"Estamos a pagar a preço de ouro por um serviço de má qualidade, que não serve os cabo-verdianos", afirmou o deputado, ressaltando os frequentes cancelamentos de voos, atrasos significativos e passageiros retidos nas diferentes ilhas. Almeida sublinhou que esses altos custos estão a ser cobertos pelos impostos dos cabo-verdianos, sem a contrapartida de um serviço eficiente.

O vice-presidente do grupo parlamentar do PAICV também questionou a transparência do governo relativamente aos contratos de wet leasing.

"Esperamos, sr. Ministro, que, neste debate, mostre respeito por este Parlamento diante do qual o Governo é responsável, e que diga aos cabo-verdianos e aos Deputados da nação qual o custo destes contratos de wet leasing, se disponibilize para distribuí-los imediatamente, e nos informe também até quando estes dispendiosos contratos irão vigorar", declarou.

Na sua intervenção, Démis Almeida lembrou que o Primeiro-ministro havia admitido que os transportes aéreos, tanto interilhas quanto internacionais, representavam um problema para o país e para a diáspora e que garantiu que medidas assertivas estão a ser tomadas para estabilizar o sector até o final do ano.

"Como é evidente, ninguém acredita num Primeiro-ministro e num Governo que em 8 anos contribuíram para criar e agravar continua e progressivamente os problemas dos transportes aéreos interilhas e internacionais assegurados pelos TACV, tenham força anímica para resolver estes mesmos problemas nos dois anos de mandato restantes", criticou.

O vice-presidente do PAICV também abordou a promessa do governo de criar uma empresa pública, independente dos TACV, para gerir os transportes aéreos interilhas. Nesse sentido, lembrou que esta proposta já havia sido recomendada por estudos anteriores, mas nunca foi concretizada.

"O sr. Ministro do Turismo afirmou que a empresa estará operacional até ao verão, e sr. Primeiro-Ministro declarou que até o final do presente ano civil o sector dos transportes aéreos estará estabilizado. Mas, para além destas declarações redondas, não existe nada de palpável", considerou.

O PAICV questionou ainda sobre o futuro da TICV/Bestfly, na qual o governo detém uma participação de 30% e sobre o futuro dos seus trabalhadores e as garantias para as agências de viagens que já estão a enfrentar prejuízos.

MpD

"Diante desse cenário caótico, o Governo liderado por Ulisses Correia e Silva tomou medidas ousadas para reestruturar e organizar o sector de transportes, visando garantir segurança, eficiência e qualidade na circulação de pessoas e bens. Entre as ações implementadas, destaca-se a reestruturação dos TACV, a concessão dos transportes marítimos e investimentos robustos em infraestruturas, como a modernização dos portos e a expansão da rede rodoviária", disse a vice-presidente do grupo parlamentar do MpD, Isa Miranda.

O MpD acredita que embora ainda haja desafios a superar, o sistema de transportes em Cabo Verde é muito superior ao que foi encontrado em 2016.

“A TACV, agora equipada com dois aviões, está comprometida em servir os cabo-verdianos e a diáspora com rotas estratégicas na Europa e, em breve, nas Américas. A conectividade aérea interilhas foi restabelecida, com a TACV transportando um número crescente de passageiros e implementando uma nova política tarifária que beneficia idosos, estudantes e famílias numerosas”, referiu.

No sector marítimo, Isa Miranda diz que a concessionária CV InterIlhas tem assegurado ligações diárias entre as ilhas, promovendo a unificação do mercado nacional.

Os resultados, segundo o MpD, são evidentes, citando que em 2023, as três principais empresas do sector de transportes registaram um aumento de 55,5% no volume de negócios no primeiro semestre.

Isa Miranda destacou a melhoria na comunicação institucional, a iniciativa de introdução de melhorias nos sistemas informáticos de distribuição e integrações e a formação dos colaboradores do sector de aviação.

"O Grupo Parlamentar do MpD reafirma o seu comprometimento em colaborar estreitamente com o Governo liderado por Ulisses Correia e Silva, Governo este que tem demonstrado um compromisso inabalável com a melhoria do sistema de transportes, a promoção de um ambiente empresarial mais favorável e competitivo, e a criação de oportunidades de expansão para os negócios em Cabo Verde”, comprometeu-se.