Denúncia de racismo. PN esclarece que deportados vieram do Iémen sem justificação válida
Em Foco

Denúncia de racismo. PN esclarece que deportados vieram do Iémen sem justificação válida

A Polícia Nacional emitiu ontem, 21, um comunicado a esclarecer o episódio denunciado por um jornalista egípcio através de carta aberta publicada no Santiago Magazine, que acusou a Polícia de Fronteira de impedir a entrada de dois cidadãos em Cabo Verde apenas porque eram árabes. Na nota, a PN confirma que “recusou a entrada no país a dois cidadãos nacionais do Iémen, por falta de justificação válida das razões da vinda a Cabo Verde”.

A Polícia Nacional contrapôs ainda Izzat El-Gammal, que garantiu no seu artigo que os dois árabes tinham dinheiro na sua posse, além do visto electrónico e reserva de hotel, afirmando que outro motivo pelo qual os iemenitas não tiveram permissão de entrada foi “ por não terem meios de subsistência para suportarem a sua permanência no país, nem local certo de estadia”.

“Efetivamente, no passado dia 18 de maio, a Unidade de Fronteira, sediada no Aeroporto Nelson Mandela na cidade da Praia, recusou a entrada no país a dois cidadãos nacionais do Iémen, por falta de justificação válida das razões da vinda a Cabo Verde”.

“Os referidos cidadãos, ao efetuaram o pré-registo na plataforma on line da DEF, declararam que o motivo da sua vinda a Cabo Verde seria o gozo de férias, mas assim que chegaram, confrontados no balcão da DEF sobre os motivos da viagem, disseram vir a convite de um jornal marroquino, para efeitos de trabalho, prestando assim declarações contraditórias às autoridades”, esclareceu a PN, acrescentando que os dois individuos “apresentaram-se às autoridades como sendo jornalistas, mas não conseguiram comprovar se de facto são jornalistas, não tendo na sua posse nenhum documento da classe, designadamente a carteira profissional de jornalista ou similar”.

Pior, relata o comunicado da Polícia Nacional que “as informações constantes dos documentos de viagem de ambos comprovam que um é na verdade motorista de profissão e o outro trabalhador. Um deles já teria tentado entrar em Cabo Verde no passado mês de Fevereiro, tendo-lhe sido recusada a entrada já nessa altura por não preencher as condições legais de admissibilidade”.

Sobre o articulista, Izzat El-Gamal, "que não é marroquino e sim tem a nacionalidade egípcia", a PN revela que entrou em Cabo Verde desde o dia 7 de Janeiro, “tendo declarado ser jornalista e que vinha a Cabo Verde para tirar umas fotos para um documentário e que deveria regressar no dia 20 de janeiro. No entanto, não regressou ao seu país de origem, nem procurou as autoridades de fronteiras, encontrando-se assim em situação irregular em território nacional. Pelo que estando em situação irregular em território nacional, não poderia em momento algum emitir convites a terceiros, para virem a Cabo Verde tanto mais para virem trabalhar para um suposto jornal que sequer tem registo no país”.

A PN sublinha que o Iémen, país de origem dos dois deportados, integra a lista dos países considerados de elevado risco, por ser um país que atravessa um período de forte instabilidade política e social, e que tem sido objeto de várias sanções por parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas ao longo dos últimos anos.

 

Partilhe esta notícia