Cerca de 70 pessoas, entre as quais duas jornalistas, foram detidas na sequência da manifestação de sábado contra o poder político vigente no país, indicou hoje a Ordem dos Advogados da Guiné-Bissau.

Beatriz Furtado, uma dos sete advogados indigitados pela Ordem para assistir e tentar libertar as pessoas detidas, disse hoje à Lusa que se encontram nas celas da Segunda Esquadra de Bissau “cerca de 70 pessoas, 14 delas mulheres”, uma idosa e uma grávida.

A advogada afirmou que uma das detidas foi posta em liberdade no sábado à tarde depois de terem levado a sua criança “ainda bebé para ser amamentada nos calabouços”.

Se calhar um dos agentes sentiu aquela parte humana, conseguiu libertar a mãe”, notou Beatriz Furtado que ainda hoje tentou, sem sucesso, visitar os detidos.

A advogada confirmou que entre os detidos se encontram duas jornalistas e ainda indicou que a polícia está à procura de outros profissionais de comunicação social, acusados de terem feito a cobertura das manifestações ocorridas em várias localidades da Guiné-Bissau.

Beatriz Furtado precisou que alguns ativistas foram detidos nas regiões do interior e transportados para a Segunda Esquadra de Bissau.

A equipa de advogados tem sido impedida de aceder às instalações onde se encontram os detidos, avançou Furtado, revelando que os agentes lhes têm dito que estão a cumprir “ordens superiores nesse sentido”.

Um grupo de advogados está a tentar falar com o ministro do Interior, Botche Candé, e um outro a tentar convencer o secretário de Estado da Ordem Pública, José Carlos Macedo Monteiro, no sentido de autorizarem a libertação dos detidos.

Beatriz Furtado observou que, inicialmente, a Ordem dos Advogados indigitou a sua equipa para tentar a libertação de um sobrinho de um dos seus membros, Augusto Na Sambé, detido na sexta-feira.

A polícia deteve o sobrinho quando foi a casa de Na Sambé, que não encontraram na residência, explicou Furtado.

O advogado é comentador de assuntos políticos e jurídicos numa rádio privada de Bissau.

A Lusa tentou, sem sucesso, obter uma reação do Ministério do Interior e Ordem Pública.

A Frente Popular, promotora da manifestação de sábado, anunciou que vai realizar, na segunda-feira, às 10:30, uma vigília à frente da esquadra, onde se encontram os detidos no protesto desmobilizado pela polícia. 

A Semana com Lusa