O ‘kit’ de boas-vindas em várias línguas e com comunicação acessível criado numa escola de Leiria para ajudar na integração de alunos e famílias imigrantes vai ser apresentado dia 24 em Cabo Verde, disse a mentora do projeto.

O manual de acolhimento começou por estar escrito em português, espanhol, francês, inglês e ucraniano. A AIMA - Agência para a Integração, Migrações e Asilo acrescentou as traduções em árabe, italiano e russo, explicou à Lusa Patrícia Oliveira.

O desafio lançado por Patrícia Oliveira, assistente social no Agrupamento de Escolas de Marrazes, já saiu do distrito de Leiria, pois a mentora e coordenadora do projeto foi convidada pela Alta Autoridade para a Imigração em Cabo Verde para viajar até uma escola portuguesa da cidade da Praia, para “partilhar este recurso de boas práticas”, no próximo dia 24 de maio.

Antes da viagem, Patrícia Oliveira, o padrinho do ‘kit’, António Lacerda Sales, ex-secretário de Estado Adjunto e da Saúde e presidente da Assembleia Municipal de Leiria, e o diretor do Agrupamento de Marrazes, Jorge Edgar Brites, vão ser recebidos pelo embaixador de Cabo Verde em Portugal, na quarta-feira, com quem vão partilhar um exemplar do livro.

“Irei deixar vários exemplares e partilhar as boas práticas que já temos, à semelhança do que já temos feito em várias escolas do país que nos têm solicitado. Algumas pedem-nos para enviar o livro e utilizam-no ou adaptam-no”, declarou Patrícia Oliveira.

Segundo a coordenadora do projeto, o ‘kit’ de acolhimento é entregue a todos os alunos estrangeiros que chegam ao agrupamento, incluindo brasileiros, apesar de falarem português.

“As reações têm sido muito positivas. Acham piada às ilustrações feitas por outras crianças e referem a utilidade do livro, que reflete o dia-a-dia do agrupamento”, acrescentou.

A assistente social explicou ainda que o ‘kit’ “está integrado no protocolo de acolhimento do agrupamento”.

Patrícia Oliveira teve a ideia do projeto, em 2023, assim que se deparou com o número de alunos de 20 nacionalidades diferentes. A sugestão foi prontamente aceite pelo diretor Jorge Edgar Brites, disse.

“Quando entrei no agrupamento percebi que, dos 2.150 alunos, 500 eram imigrantes. Pensei o que é que poderíamos fazer para os acolher melhor. Poderia ser um guia, um manual ou um folheto. A ideia era ser ilustrado pelos alunos”, afirmou na altura à Lusa.

O ‘kit’ foi desenvolvido em quatro línguas: português, inglês, francês e ucraniano. Os alunos do 3.º ano da licenciatura de Terapia da Fala da Escola Superior de Saúde de Leiria incluíram signos de comunicação aumentativa e alternativa, e o livro foi traduzido em ‘braille’ pelo Centro de Recursos para a Inclusão Digital.

Trata-se de um pequeno livro, ilustrado por alunos da Escola Básica da Gândara dos Olivais, que conta a história de um menino ucraniano e de todos os seus passos num mundo desconhecido para ele.

Ao longo da história, de uma maneira simples e engraçada, o menino fica a saber como e onde pode apanhar o autocarro, almoçar, obter informações e os serviços que tem disponíveis para ajudar a sua integração.

 

A Semana com Lusa