Numa entrevista de balanço dos seus três anos de governação por ocasião de uma deslocação ao Mindelo, o Primeiro-ministro cabo verdiano Ulisses Correia e Silva garantiu que "até ao final do ano teremos a estabilização e desenvolvimento dos transportes aéreos interilhas”.

Questionado sobre os inúmeros cancelamentos de voos da Bestfly que levaram a companhia a deixar por completo de operar as ligações interilhas no mês passado, o chefe do governo de Cabo Verde indicou que a operadora estatal Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV) que habitualmente assegura os voos internacionais “assumiu temporariamente as operações interilhas".

Ulisses Correia e Silva anunciou, por outro lado, que o estado vai criar uma empresa com 100% de capitais públicos e “obrigação de serviço público devidamente compensado” para ilhas com menos movimento.

Ao indicar que os voos domésticos vão contar com mais aviões, alguns ajustados às ilhas com menos passageiros, o governante declarou ainda que o contexto actualmente vivenciado no país permite ao Estado encarar esta nova solução, dado que TACV “está a ser recuperada, estabilizada pelas operações internacionais” e que isso permite aplicar capitais públicos “numa solução estruturante de serviço interilhas”.

Os transportes aéreos e marítimos interilhas “são áreas de soberania" onde não pode "haver falhas e descontinuidades”, vincou ainda o Primeiro-Ministro de Cabo Verde.

Recorde-se que a Bestfly, empresa angolana de aviação, presente no país desde 2021, confirmou o fim definitivo das suas operações em finais de Abril, alegando a existência de um "ambiente de negócios tóxico e punitivo". Uma decisão que surgiu depois de meses de instabilidade que culminaram com a Agência de Aviação Civil a suspender o Certificado de Operador Aéreo e a Licença de Exploração Aérea da operadora TICV (da qual a angolana Bestfly é accionista maioritária), por incumprimento reiterado dos requisitos legais.