O projecto da Estação de Dessalinização de Água do Mar – Brava (EDAM-BR) iniciou no passado mês de Fevereiro os trabalhos de instalação da conduta de água a partir do reservatório de Cabeça Avenida até Santa Bárbara, sendo que, desde então, a circulação de pessoas e automóveis encontra-se condicionada na rua da Cultura.
Em declarações à Inforpress, o proprietário de uma unidade hoteleira, situada nessa rua, António de Pina, salientou que a água é necessária na ilha Brava, mas realçou que o ritmo em que está sendo executado o trabalho é muito lento e mal-organizado.
“Penso que esta obra deve ser melhor organizada, uma vez que abriram a vala e já fecharam, no entanto, até agora não calcetaram os lugares onde foram colocados os tubos. A obra é de uma empresa privada, mas a câmara municipal deveria fiscalizar as obras, para que houvesse melhor controlo”, frisou.
Tó Demol, como é conhecido pelos bravenses, salientou ainda que já faz dias que o seu hotel está a ser prejudicado por poeiras de terras e não tem condições de receber clientes, caso estes, procuram o seu estabelecimento.
“A água é necessária, uma vez que temos muita carência de água nesta ilha, mas o que estou a reclamar é a forma como a obra está sendo coordenada. Eu também sou empreiteiro neste município e quando a minha equipa estiver a executar um trabalho, sofro muita pressão por parte da autarquia, sendo assim, porque que é que esta empresa privada não está a ser fiscalizada?”, questionou.
Já António Paiva, que também é morador nessa rua, partilha da mesma opinião sobre a importância da água, no entanto, considerou que a obra deveria estar melhor organizada.
“Temos conhecimento de que irão cavar desde a nossa rua até ao reservatório de água, em Santa Bárbara para colocarem o tubo, mas acho que na medida em que é colocado o tubo e a vala for fechado, o correcto era iniciar de imediato com o calcetamento e não deixar até que termine por completo a obra” sugeriu.
Nesta situação, afirmou que já faz meses que não consegue levar matérias de construção para a sua casa, sendo que o mesmo encontra-se em obras e a rua está condicionada a circulação de pessoas e automóveis.
“Claro que é uma obra necessária para um bem comum de toda a população, mas é fazer e consertar. Existem pessoas que já tinham pintado suas casas, no entanto com o excesso de terra que está sendo deixado para trás, está sujando as pinturas e depois não há quem se responsabilize”, finalizou.
Por seu turno, o presidente da Câmara Municipal da Brava, Francisco Tavares reagiu explicando que a população deve entender a situação, sendo que não é um trabalho técnico e simples de executar, mas garantiu que a empresa está a fazer o máximo para minimizar os transtornos.
“já temos conhecimento das reclamações, principalmente das exigências dos calcetamentos de alguns troços que já estão com novas tubagens, mas o trabalho técnico exige que, assim seja, tendo em conta, que se tiver a necessidade de voltar a abrir alguns pontos de junção de tubagem, o procedimento seria cavar novamente.
Neste sentido, o edil salientou que é necessário fazer pelo menos 500 metros de conduta, e só depois fazer os primeiros testes de pressão de água, por isso, não começou o processo de calcetamento.
“Depois de termos ouvido as reclamações dos moradores, já fizemos uma visita ao local e podemos constatar que pode haver a circulação de carros e pessoas, sendo que, em alguns lugares identificados, há a necessidade de deixar alguns buracos em aberto”, frisou.
Sendo assim, Francisco Tavares apelou à compreensão dos moradores e da população bravenses, garantindo que a obra irá resolver um dos principais problemas do concelho, mas sublinhou que é normal as pessoas passarem por algum desconforto, por algum período e que depois o ganho será justificável.