Cidade da Praia, 10 Mai (Inforpress) – O BCV anunciou hoje, em comunicado, que o crescimento do PIB deverá manter-se estável em 5% em 2024, aumentar para 5,4% em 2025, bem como um “ligeiro” aumento nas suas taxas de juro de referência.

De acordo com os dados do relatório da Política Monetária do Banco de Cabo Verde, em 2023, o contexto externo da economia nacional revelou-se “menos favorável”, evidenciado pela moderação do crescimento da actividade económica mundial e dos principais parceiros comerciais, nomeadamente a área do euro e o Reino Unido.

Neste sentido, salienta a nota, prevê-se que o crescimento real do PIB em 2024 se estabilize, mantendo-se no mesmo ritmo de 2023, tendo em conta, a dissipação dos efeitos positivos de arrastamento do processo de recuperação da crise pandémica, a conjuntura económica ainda ténue dos principais parceiros económicos, condições mais restritivas na oferta de crédito interno e a incerteza decorrente das tensões geopolíticas.

“O crescimento do PIB real deverá manter-se estável em 5% em 2024, e aumentar para 5,4 % em 2025. Em comparação com as projecções de Outubro de 2023, o crescimento real do PIB para 2024 foi revisto em alta em 0,3 pontos percentuais, reflectindo a revisão em baixa dos preços medido pelo deflator do PIB e a incorporação de dados mais recentes das contas nacionais, e para 2025 mantém-se inalterado”, lê-se na nota.

No entanto, o BCV salienta que não obstante esperar-se alguma volatilidade nos preços dos produtos energéticos devido a questões geopolíticas, antecipando que para 2024 e 2025, a taxa de inflação mantenha uma trajectória descendente, atingindo níveis mais consistentes com o objectivo de estabilidade dos preços.

Conforme os dados, prevê-se que a inflação média anual deverá baixar para 1,2% em 2024 e 1% em 2025, favorecida pela expectativa de queda dos preços das matérias-primas energéticas e não energéticas no mercado internacional, pela atenuação dos constrangimentos no abastecimento e das pressões decorrentes dos custos dos factores de produção, bem como, por algum impacto do pendor restritivo da política monetária.

Ainda de acordo com o banco central, em comparação com as projecções de Outubro de 2023, a taxa de inflação prevista para 2024 foi revista em baixa em 1 ponto percentual e para 2025 manteve-se inalterada.

“A revisão em baixa da taxa de inflação para 2024 traduziu não apenas a evolução dos dados mais recentes, que indicam uma redução nos preços a um ritmo mais acelerado do que previamente antecipado em Outubro de 2023, mas também, a revisão em baixa das expectativas dos preços das matérias-primas energéticas no mercado internacional”, realçou.

Por outro lado, acrescenta que em 2024, prevê-se que o défice da balança corrente evolua de forma menos positiva, reflectindo a moderação na procura externa turística internacional e nas receitas do turismo e dos transportes aéreos, bem como a diminuição das remessas dos emigrantes, podendo alcançar os 3,4% do PIB.

Reconheceu, no entanto, que é esperado que os influxos líquidos de financiamento na economia diminuam em 2024, considerando a provável redução do investimento directo estrangeiro realizado em Cabo Verde, o aumento dos activos externos líquidos dos bancos comerciais e a redução dos desembolsos líquidos da dívida pública externa.

Já para 2025, a nota antecipa que o défice da balança corrente deverá registar uma melhoria, situando-se em torno dos 3% do PIB, impulsionado por uma procura externa turística mais robusta e, por conseguinte, um aumento nas receitas provenientes do turismo e dos transportes aéreos, bem como, um aumento esperado nas remessas dos emigrantes.

Prevê-se igualmente um aumento dos influxos líquidos de financiamento na economia para 2025, tendo em conta a recuperação do investimento directo estrangeiro em Cabo Verde, o aumento previsto nos desembolsos líquidos da dívida pública externa, bem como, a redução que se antecipa dos activos externos líquidos dos bancos comerciais.

“As entradas líquidas de financiamento deverão ser suficientes para cobrir as necessidades de financiamento da economia, tanto em 2024 como em 2025, pelo que, o país deverá conseguir acumular activos de reserva nestes anos”, indicou, informando que o stock de reservas externas líquidas deverá fixar-se em torno de 6 e 5,7 meses de importações, em 2024 e 2025, respectivamente.

Assim, não obstante o contexto macroeconómico externo e interno e o espaço orçamental em conformidade com os objectivos de consolidação, o Banco de Cabo Verde, concluiu a mesma fonte, decidiu continuar o processo de normalização da sua política monetária, através de um ligeiro aumento nas suas taxas de juro de referência, visando essencialmente reduzir o diferencial de taxa de juros e mitigar o potencial risco para o regime cambial.

“Para os próximos meses, decidiu-se ajustar as principais taxas de juro do Banco de Cabo Verde, nomeadamente a taxa directora e as taxas da facilidade permanente de cedência de liquidez e da facilidade permanente de depósito, para 1,5%, 1,75% e 0,95%, respectivamente”, referiu, afiançando que a taxa de redesconto passa para 2,75%, mantendo-se inalterado o coeficiente das disponibilidades mínimas de caixa.

CM/ZS

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