O cinismo de UlissesComentáriosComentar
SOURCE: [Santiago Magazine]
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O cinismo de Ulisses
Se tivesse alguma dignidade, se não estivesse amarrado ao poder, se tivesse alguma inteligência política ou, no mínimo, alguma dignidade, Ulisses Correia e Silva já se teria demitido.
Pressionado pelos jornalistas na ilha do Sal, onde se encontrou com o presidente dos EUA, Ulisses Correia e Silva não pôde continuar escondido e lá teve que responder às perguntas sobre o desastre eleitoral do último domingo.
Com o maior cinismo, o ainda primeiro-ministro sacudiu a água do seu capote, não assumiu qualquer responsabilidade política-pessoal na esmagadora derrota do MpD e procurou atirar o ónus do desaire para os municípios e os candidatos por si impostos.
“Não ganhamos, tenho que assumir, mas distinguir as eleições autárquicas, são muito locais e são muito direcionadas às candidaturas que se apresentam para conseguirem ter o melhor resultado e vencerem”, disse Ulisses com a maior desfaçatez.
O ainda presidente do MpD sempre foi um líder fraco, empurrado para cima não propriamente pelos seus méritos, mas pelas circunstâncias e conjunturas de momento.
Julgando-se uma figura providencial – e, por isso, a culpa é sempre dos outros -, Ulisses não admite, nem numa pequena porção, que o descalabro eleitoral do MpD seja responsabilidade sua e do seu governo, mesmo tratando-se do primeiro presidente do MpD a perder umas eleições autárquicas.
Com os fiéis presos pelo estômago
Na verdade, Ulisses nunca foi propriamente um líder, é uma espécie de chefe de repartição autoritário que traz pela trela uma caterva de serviçais movidos apenas pelo interesse pessoal, presos pelo estômago às mordomias do Estado. Por isso, o governo é gordo; por isso, nunca houve em Cabo Verde tantas entidades reguladoras e tantos institutos públicos.
Ulisses Correia e Silva dá de comer a muita gente, mas esqueceu-se de um pormenor: o povo, essa massa que nunca é ouvida para nada e significa apenas, para os detentores do poder e a classe dominante, “gado eleitoral” para a matança. E o povo deixou claro: já não quer nada com Ulisses e o seu governo.
Ou sai agora, ou vai ser empurrado pela caterva
Se tivesse alguma dignidade, se não estivesse amarrado ao poder, se tivesse alguma inteligência política ou, no mínimo, alguma dignidade, Ulisses Correia e Silva já se teria demitido.
Ao não o fazer, o ainda primeiro-ministro vai ser empurrado pela caterva ventoinha e esfaqueado pelas costas pelos seus “fiéis” do dia anterior, mormente os acobardados membros da Comissão Política Nacional do MpD, cúmplices de Ulisses nas malfeitorias, que agora assobiam para o lado, com nenhum deles a assumir as suas responsabilidades.
Outros, ainda, já andam por aí, pedindo convenção extraordinária e exigindo demissões, disfarçando o seu passado de submissão ao chefe e fazendo passar a ideia de que não andaram estes anos todos com Ulisses ao colo, apenas por motivos interesseiros e comestíveis…
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