José Maria Neves sublinhou a necessidade de reformar a CEDEAO para redefinir as suas funções e fortalecer a integração económica, delegando questões de paz e segurança à União Africana.

“Uma governança multinível é essencial para alinhar as responsabilidades das organizações regionais, permitindo que a CEDEAO se concentre em promover o comércio, a infra-estrutura e a diversificação económica”, apontou.

O chefe de Estado, que falava durante a abertura da segunda Conferência Internacional de Economia promovida pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Empresariais (ISCEE), sob o lema “CEDEAO: Desafios e Perspetivas”, destacou a importância do envolvimento do ISCEE na discussão, assumindo assim um posicionamento claro sobre questões para a vida e para o funcionamento da CEDEAO.

“Com isso, o ISCEE adopta e coloca o saber e o conhecimento científico produzido ao serviço das sociedades e dos Estados-membros da nossa comunidade sub-regional, indo ao encontro do papel fundamental que a academia é chamada a desempenhar no processo de desenvolvimento regional e nacional”, disse o chefe de Estado.

José Maria Neves também abordou os desafios geopolíticos e institucionais que ameaçam a estabilidade da CEDEAO, como as crises políticas em alguns Estados-membros e a saída anunciada do Burkina Faso, Mali e Niger que criaram uma nova organização, a Aliança dos Estados do Sahel, que vem complicar, ainda mais, a situação da CEDEAO.

Destacou ainda o papel do presidente do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, que têm exercido o papel de mediador nas negociações diplomáticas para evitar maiores fragmentações na comunidade,

“Espero que consigamos alcançar resultados positivos e que se evite a saída desses países, o que traria consequências de todo imprevisíveis para a paz, a estabilidade e o desenvolvimento da região”, frisou.

Ainda durante a sua intervenção, outro ponto destacado foi que Cabo Verde deve aprofundar a sua integração regional, maximizando os benefícios económicos e sociais previstos no tratado revisto, em relação aos Estados insulares.

“Tal resolveria questões essenciais como, por exemplo, a taxa comunitária, a tarifa exterior comum, a mobilidade, a moeda e o acesso a financiamentos comunitários”, expressou.

Para José Maria Neves, relativamente à integração de Cabo Verde à CEDEAO, o país já devia estar mais avançado e teria tudo a ganhar se ancorasse, efectivamente, a sua economia na região oeste-africana, aproveitando o dinamismo do mercado regional para acelerar o desenvolvimento.

Os 50º aniversários da CEDEAO seriam uma boa oportunidade para a concretização desse desiderato, até porque estaremos a comemorar, também, os nossos 50 anos e seria tempo de abrirmos novas avenidas e construirmos novas possibilidades de integração no espaço da CEDEAO”, garantiu.

O chefe de Estado terminou a sua intervenção deixando uma mensagem de optimismo, para pensar juntos o futuro da organização comunitária oeste-africana e que juntos é possível superar os obstáculos e construir um futuro mais próspero para a região.

A conferência segue com sessões nas cidades da Praia e do Mindelo, oferecendo um espaço essencial para a troca de ideias e para a formulação de estratégias que impulsionem o desenvolvimento económico e social da região oeste-africana.