A Ucrânia acusou a Rússia de ter disparado hoje um míssil intercontinental, concebido para transportar ogivas nucleares mas que pode usado como arma convencional, num ataque à cidade de Dnipro, no centro-leste do país.

"Não tenho nada a dizer sobre o assunto", respondeu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, quando questionado sobre a acusação, citado pela agência noticiosa francesa AFP.

Peskov afirmou que a Rússia vai fazer "todos os esforços" para evitar uma guerra nuclear, após uma revisão da doutrina russa que alarga a possibilidade de utilização de armas atómicas se o país for atacado com armas convencionais.

"Sublinhámos que, de acordo com a nossa doutrina, a Rússia está a adotar uma postura responsável para fazer todos os esforços para não permitir que surja um conflito deste tipo", afirmou.

Peskov acrescentou esperar que "outros países" adotem a mesma "postura responsável".

A revisão da doutrina nuclear russa, oficializada na terça-feira pelo Presidente Vladimir Putin, seguiu-se a notícias de que os Estados Unidos autorizaram a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance para ataques na Rússia.

Ao contrário dos mísseis intercontinentais, que podem ser usados contra alvos a milhares de quilómetros de distância, os mísseis ATACMS fornecidos pelos Estados Unidos à Ucrânia têm um alcance de até 300 quilómetros.

A força aérea ucraniana disse num comunicado que o míssil balístico intercontinental, que fez dois feridos em Dnipro, "foi lançado da região russa de Astrakhan", no sudoeste da Rússia.

"Esta é a primeira vez. Nunca tivemos este tipo de míssil antes", disse uma fonte do exército à AFP.

À semelhança do Kremlin, o Ministério da Defesa russo nada disse sobre o disparo referido por Kiev, mas reivindicou hoje a captura de uma pequena cidade perto de Kurakhove, no leste da Ucrânia.

"Unidades do Grupo Sul (...) libertaram a cidade de Dalne", a cerca de cinco quilómetros a sul de Kurakhove, declarou o ministério num comunicado.

Trata-se de um dos setores da linha da frente onde as tropas russas avançam contra o exército ucraniano há vários meses.