"No sábado, realizaram-se eleições legislativas na Geórgia, na sequência de uma campanha eleitoral altamente polarizada e tensa e de preocupações sobre o retrocesso democrático do país. O povo georgiano demonstrou mais uma vez o seu empenho e compromisso com a democracia, não só fazendo uso do seu direito de voto em grande número, mas também participando ativamente na observação destas eleições e denunciando irregularidades", afirmam, numa declaração conjunta, o presidente da comissão dos Assuntos Externos, David McAllister, o presidente da delegação para as Relações com o Cáucaso Meridional, Nils Usakovs, e o presidente da delegação à Assembleia Parlamentar Euronestina, Sergey Lagodinsky.

Elencando que "das irregularidades relatadas pelos observadores internacionais constam incidentes de violência, compra de votos, voto duplo, afastamento dos meios de comunicação social e dos observadores, intimidação dos eleitores dentro e fora das assembleias de voto", os responsáveis pedem que "todas as violações comunicadas sejam investigadas e tratadas sem demora ao abrigo dos procedimentos adequados de reclamação e recurso".

Até porque, adiantam, "este é um momento crucial para a Geórgia", dado que estas foram as primeiras eleições desde que foi concedido ao país o estatuto de candidato à União Europeia (UE), em 2023.

"Esperamos que o rescaldo das eleições seja pacífico e democrático e que sejam tomadas medidas imediatas para colocar a Geórgia de novo na via da UE, satisfazendo as aspirações dos georgianos", concluem os eurodeputados.

Segundo os resultados quase definitivos divulgados hoje, partido "Sonho Georgiano", no poder desde 2012, obteve 53,92% dos votos, contra 37,78% da coligação da oposição.

A oposição acusa o "Sonho Georgiano", do oligarca Bidzina Ivanishvili, de aproximar a Geórgia da Rússia e de a afastar de uma possível adesão à UE e à NATO, dois objetivos consagrados na Constituição do país.

Tanto a oposição como parte da comunidade internacional, incluindo observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), manifestaram dúvidas sobre a transparência do processo.

A Presidente da Geórgia, Salome Zourabichvili, que rompeu com o Governo, também questionou o resultado das eleições e alegou que o país foi vítima de uma "operação especial russa".

Entretanto, a Rússia rejeitou hoje as acusações, considerando-as "totalmente infundadas".

No domingo, a Comissão Europeia e o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, apelaram às autoridades da Geórgia para que clarifiquem as irregularidades denunciadas por observadores internacionais nas eleições.

E, hoje, a diplomacia comunitária acusou a Rússia de tentar interferir no sufrágio.

Perante esta situação, Bruxelas pediu que se "implementem o mais rapidamente possível" as recomendações da missão de observação da OSCE e que se apliquem "reformas democráticas, abrangentes e sustentáveis, em linha com os princípios da integração europeia".

Ainda no domingo, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou que iria colocar este assunto na agenda da cimeira informal, que decorre a 08 de novembro em Budapeste, sob a presidência rotativa húngara da UE.

A Geórgia apresentou o seu pedido de adesão à UE em Março de 2022, tendo-lhe sido concedido o estatuto de país candidato em dezembro de 2023, no pressuposto de que o país adotará as reformas necessárias.