Criminalidade e desemprego são principais preocupações dos praienses
Editorial

Criminalidade e desemprego são principais preocupações dos praienses

...não deixa de ser curioso confirmar que as principais preocupações dos praienses se situam em áreas da responsabilidade efetiva do poder central. E isso, em tempo de eleições autárquicas, pode ter um peso muito significativo.

A criminalidade, em particular no que respeita à insegurança e à delinquência juvenil; mas também o desemprego, sobretudo entre os jovens, parecem ser, por esta ordem, as duas principais preocupações dos praienses. Pelo menos é este é o traço comum de vários estudos publicados nos últimos tempos, de que sobressai o da Afrosondagem.

A desigualdade social e a pobreza estão, ainda, no role de preocupações dos praienses, mas também o saneamento e a recolha de lixo, embora numa posição não tão significativa.

Como se percebe, as maiores preocupações dos praienses não se centram nas especificidades da Cidade da Praia, antes em questões mais gerais da responsabilidade do poder central.

“Pequenos crimes” afetam cidadãos comuns

No que respeita à criminalidade, conquanto seja uma evidência que diminuíram os crimes considerados mais graves, como o homicídio, a verdade é que aqueles que são considerados “pequenos crimes”, como roubos na via pública e furtos de residências, é que afetam os cidadãos comuns, mormente aqueles que têm menos renda.

Roubos na via pública e furtos de residências, como é evidente, têm, grosso modo, uma relação direta com o consumo de estupefacientes, o que questiona as políticas do Estado nesta matéria e nos interpela a um grande debate público sobre as drogas e a toxicodependência, envolvendo especialistas e a sociedade civil.

A falácia do aumento da empregabilidade

Quanto ao desemprego jovem, parece-nos evidente que a realidade não tem correspondência com os discursos oficiais, já que o alegado aumento do emprego não se sente nas vivências dos praienses e, por outro lado, são cada vez mais os jovens que decidem arriscar com a emigração, cansados de promessas e tomados pela desesperança.

Os dados oficiais (nomeadamente, os estudos recentes do INE), cujos critérios e metodologias mudam ao sabor de necessidades conjunturais do governo e chegam mesmo a avançar elementos incompreensíveis à luz do raciocínio lógico, parecem já não convencer ninguém, desde os cidadãos a reputados economistas.

A verdade é que, pesem as narrativas gloriosas, uma coisa é o discurso oficial e a outra é a realidade objetiva.

E não deixa de ser curioso confirmar que as principais preocupações dos praienses se situam em áreas da responsabilidade efetiva do poder central. E isso, em tempo de eleições autárquicas, pode ter um peso muito significativo.

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SOBRE O AUTOR

Domingos Cardoso

Editor, jornalista, cronista, colunista de Santiago Magazine

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