Eleições autárquicas na Praia. Ulisses sem máscara!
Editorial

Eleições autárquicas na Praia. Ulisses sem máscara!

....pedir honestidade, ou coragem, ao Ulisses, é pedir demais. Um líder que convoca os militantes para abertura do ano político e quando sobe ao palco ignora completamente o programa do evento e só fala do Francisco Carvalho e da Câmara da Praia, não é honesto e muito menos corajoso. Enfim, um evento para esquecer e um político para ser apeado do poder o mais urgente possível!

Ainda não está claro se Ulisses tirou a máscara ou se esta escapou-lhe do rosto, mas o certo é que o primeiro-ministro de Cabo Verde já assumiu que, efetivamente, é ele o verdadeiro adversário do Francisco Carvalho nas eleições autárquicas do dia 1 de dezembro próximo.

O seu discurso no ato da apresentação pública da candidatura do Abraão Vicente e da abertura do ano político do MpD, realizado no sábado, 19, em Quebra Canela, veio desfazer todas as dúvidas que eventualmente ainda prevaleciam a este respeito, quando direcionou toda a sua atençao e as suas energias contra o atual presidente da Câmara da Praia e candidato às próximas eleições pelo PAICV, Francisco Carvalho. Viu-se um Ulisses sem máscara, assumindo por inteiro, e publicamente, que “tomar a Praia custe o que custar” não é conversa de ocasião, antes é a prioridade das prioridades do governo que dirige.

O país parado, os jovens procurando o exílio, a saúde pelas ruas da amargura, a epedemia da dengue ceifando vidas, os transportes pela hora da morte, as manifestações e greves quase diários, não tiram o sono ao primeiro-ministro. Não! Francisco Carvalho e a Câmara da Praia, estes sim, não deixam o pobre homem dormir. Isto ficou evidente durante o evento de sábado último, que ao juntar a abertura do ano político com a apresentação da candidatura do Abraão, acabou por não ser nem uma coisa nem outra.

Os cabo-verdianos estão carecas de saber que o MpD não é amigo do trabalho. É um partido que fala muito mas faz pouco, muito pouco. De Santo Antão à Brava as marcas do MpD são realmente ténues. As grandes infraestrutura nacionais não têm a assinatura do MpD. Os portos, aeroportos, estradas, hospitais, centros de saúde, instituições de ensino e formação, infraestruturas hidráulicas e agrícolas são na sua quase totalidade obras dos governos do PAICV.

Na década de 2000, quando o então primeiro-ministro, José Maria Neves, falava sobre a “betonização” do país, o MpD fazia caretas, debochava, tal é o desprezo que nutre pelas grandes obras que criam competetividade, alavancam a economia, o emprego e os rendimentos, e em consequência, melhoram a qualidade de vida de pessoas e comunidades.

O desprezo do MpD em relação aos grandes investimentos públicos é tão grande que, nas eleições legislativas de 2016, inventou um discurso segundo o qual as infraestruturas públicas construídas pelo governo do PAICV não tiveram qualquer impacto na vida das pessoas, no crescimento da economia, pedindo e recomendando o voto na mudança, “sen djobi pa ladu”.

De 2001 a 2016, era frequente ouvir afirmações de altos dirigentes do MpD de que o país estava mal governado porque o povo não comia alcatrão, betão, estradas, entre outras heresias e impropérios contra o governo de então. Estas afirmações foram feitas e repetidas até à exaustão nas sessões parlamentares, nos órgãos de comunicação social, nas redes sociais, estando assim tudo confirmado e registado.

Mas mesmo que não estivessem registados, as realizações do governo do MpD dos últimos 8 anos são testemunhos fiéis de que efetivamente este partido não é amigo do trabalho e dos grandes investimentos públicos. Salvo um ou outro troço de estradas, sobretudo as de penetração, este governo não tem muita coisa para apresentar aos cabo-verdianos.

Aqui na Praia, não fez absolutamente nada. Quando o Óscar Santos era presidente de Câmara ainda Ulisses conseguiu, com os fundos do turismo e do ambiente, financiar pequenos trabalhos de requalificação urbana e acessibilidades, em complementaridade com o Programa de Reabilitação, Requalificação e Acessibilidades (PRRA). Nada mais do que isso!

E, convenhamos, mas um município com a dimensão da Praia, capital do país, deve ocupar a centralidade na concepção e definição das políticas públicas de âmbito nacional. Governo que é governo não pode em circunstância nenhuma ignorar o município da Praia, ciente de que estará seguramente a ignorar o país no seu todo. O desenvolvimento de Cabo Verde está naturalmente atrelado ao desenvolvimento da Praia.

E é aqui é que devemos formular algumas perguntas ao primeiro-ministro e presidente do MpD: o que é que fez na Praia durante estes 8 anos de mandato? o que é que vai fazer na Praia daqui para frente? Qual é a sua visão, os seus projetos e programas para o maior centro urbano do país? Nos últimos 4 anos, que percentagem de receitas do Estado é que foi alocada para o município da Praia?

São questões que Ulisses deve responder sem ser interpelado, apenas por respeito ao povo da Praia e ao cargo que ocupa na administração do Estado. É um direito constitucional que a Praia tem. E ele sabe disso perfeitamente. Ao não apresentar uma única proposta para Praia, Ulisses demonstrou uma flagrante falta de honestidade, mas também de coragem, para falar abertamente com o povo, com os militantes e amigos do seu partido presentes no evento, quicá para pedir desculpas pelos investimentos que desde 2016 anda a prometer na Praia e que ainda não fez, quando faltam menos de 2 anos para o término do mandato.

Mas certamente que pedir honestidade, ou coragem, ao Ulisses, é pedir demais. Um líder que convoca os militantes para abertura do ano político e quando sobe ao palco ignora completamente o programa do evento e só fala do Francisco Carvalho e da Câmara da Praia, não é honesto e muito menos corajoso. Enfim, um evento para esquecer e um político para ser apeado do poder o mais urgente possível!

A direção,

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