Cidade da Praia, 20 Out (Inforpress) - A psicóloga Rosa Sena defendeu hoje que é preciso trabalhar as competências sociais e pessoais para debelar a prática de bullying entre os alunos, considerando que é a melhor forma para combater este fenómeno. 

"Se nós trabalharmos essas competências, evitaremos com que os alunos resolvam as suas situações com brigas e assim estaríamos a contribuir para uma sociedade mais justa, equilibrada e saudável", afirmou Rosa Sena, em entrevista à Inforpress, a propósito do Dia Mundial de Combate ao Bullying, que se assinala hoje, 20 de Outubro.

Esta especialista defendeu ainda que trabalhar a autoestima, a autoconfiança, a resolução de problemas, saber comunicar de forma assertiva, reivindicar os seus direitos, saber dizer não quando é preciso, sem ofender os outros, saber partilhar e expor a sua opinião, constituem outros factores que ajudam a combater o bullying.

A psicóloga sublinhou que é preciso trabalhar com os alunos para que cada um saiba se posicionar na sociedade e assumir um comportamento coreto de se relacionar com os outros.

A psicóloga, que presta serviço de Apoio Psicológico aos alunos da Escola Secundária Pedro Gomes, em Achada Santo António, disse que normalmente as vítimas não denunciam este fenómeno.

Segundo a especialista, só em casos excepcionais ou se o professor e algum colega notarem alguma situação "mais grave", é que a escola vai actuar, já na posse de informações sobre casos de bullying. Mas as vítimas, disse, que raramente denunciam a situação.

"Bullying é considerado um fenômeno silencioso. Porque muitas vezes, o agressor tem grande poder sobre as vítimas", realçou, afirmando que eles têm "medo" de denunciar para não sofrerem mais represálias ou mais agressões.

“Mas também porque muitas vezes as vítimas têm vergonha de contar”, conta.

A mesma fonte esclarece que qualquer pessoa pode estar sujeita a "bullying", mas que as crianças e adolescentes são os mais propensos ao fenómeno porque muitas vezes são educadas por meios de castigos, de punição, de chamadas de nomes, de gritos, de uma carga de violência maior.

Esta responsável aproveitou a ocasião para alertar os pais e encarregados de educação para repensarem a forma de transmitir os valores, de educar e corrigir os filhos, que não sejam através da punição, considerando que esta "não é eficaz" para a mudança de comportamento dos mesmos.

Rosa Sena destacou alguns factores que tornam as pessoas mais propensas a vítimas de bullying, nomeadamente, a sua altura, deficiência, ser introvertida, pior ou melhor aluno da turma, poucos amigos na escola, serem expostas a conflitos ou violência no ambiente do lar e familiar.

Para a psicóloga, existem alguns sinais que podem indicar que um determinado aluno está a ser vítima de bullying.

"Quando muda de comportamento rapidamente, isola-se, fica introspectivo, aumento de nível de agressividade, baixo rendimento na escola, resistência para ir à escola", indicou.

Rosa Sena fez saber que no liceu onde trabalha já foram registadas denuncias de casos, mas que não são frequentes, e quando acontece é porque a situação já está mais complicada.

Para comemorar este dia, deixou uma mensagem aos pais e encarregados de educação de que é "importante" educar os filhos e ainda passar toda informação do que é certo e errado, de uma forma assertiva, sem ter que usar a punição, o castigo, a gritaria e a violência verbal, que são comportamentos constantes na sociedade. 

Quanto à população disse que é preciso ser mais tolerante, ter cuidado com a forma de se comunicar e relacionar com os outros.

"É preciso mais tolerância, empatia, respeito e trabalhar com a comunicação assertiva, tanto para as vítimas, como para quem tenha tendência de ser um pouco mais agressivo", sublinhou. 

A inforpress conversou também com três alunos, vítimas de bullying pelos colegas no Liceu Pedro Gomes. Estes apontaram que se sentem “tristes" por serem motivos de piadas na escola.

Cada um tem uma situação, Pedro Semedo avançou que é chamado de " gordinho" e a Mayra e Sandra devido ao cabelo e à altura.

Avançaram que nesta escola tem muitos casos de alunos que praticam o bullying.

O Dia Mundial de Combate ao Bullying é uma data que tem como objectivo chamar atenção das escolas, famílias e comunidades para necessidade de uma cultura de respeito, empatia e segurança no ambiente escolar e online.

O bullying é um problema que consiste em ter comportamentos agressivos, sejam eles físicos ou psicológicos para com alguém e que, por norma, acontecem de forma propositada e repetida. 

DG/JMV

Inforpress/Fim